Batom: de “encarnação de Satã” a arma contra o machismo

Na Antiga China os lábios assumiam papel relevante

Nos primórdios, o batom, hoje o cosmético mais famoso do Mundo, encerrava grandes doses de criatividade. De riscos também.

Vasculhando a origem do batom, não há como não admirar a “criatividade” dos primeiros povos a usá-lo. Mesmo que volta e meia o engenho trouxesse atrelados uns quantos problemas de saúde. No Antigo Egito, por exemplo, recorria-se a um corante vermelho-púrpura retirado de uma alga marinha, ao qual se juntava iodo e bromo – conhecido pelo risco de provocar queimaduras na pele. Já Cleópatra, a mulher mais famosa do antigo Egito, apostava numa fórmula mais “apurada”: um misto de besouros esmagados com formigas.

Antes, uns 5000 anos antes de Cristo, as mulheres da Mesopotâmia, a quem é atribuída a sua invenção, usavam batom, recorrendo a joias semipreciosas esmagadas para decorar os lábios. Também na Antiga China os lábios assumiam papel relevante, ao ponto de o batom, então feito de sumo de plantas, sangue animal ou minerais, ser usado para “agradar aos deuses”. Mas a relação entre o batom e a religião teve que se lhe dissesse: na Europa Medieval chegou a ser proibido pela Igreja por ser considerado uma “encarnação de Satã”.

Mesmo no início do século XIX, continuava mal cotado, quase sempre associado à prostituição. Seria pois preciso esperar até 1884 para ver o batom moderno ser introduzido no mercado pelas perfumarias parisienses. Já o primeiro tubo giratório foi patentetado pelo americano James Bruce Mason, em 1923. Depois, foi esperar que o cinema e as celebridades lhe dessem a fama que o elevou a cosmético mais famoso do Mundo. Um cosmético que pode até encerrar uma mensagem maior, como ainda recentemente se percebeu, na campanha para as eleições presidenciais do nosso país.