Banhos de Natureza para reduzir stress

Os participantes da Forest Therapy são convidados a ligar os sentidos à Natureza: a sentir a terra

Estudos científicos comprovam efeitos benéficos da terapia da floresta, prática japonesa que já chegou a Portugal. Há médicos no estrangeiro que a prescrevem aos doentes.

“O shinrin-yoku” é uma expressão japonesa que se traduz por “banho na floresta”. Nasceu em 1980 para ajudar a combater o cansaço e o stress associados a uma vida pessoal e profissional aceleradas. Desde então, a Forest Therapy (terapia da floresta) espalhou-se um pouco por todo o Mundo e já há vários estudos científicos a comprovar os seus efeitos benéficos na saúde.

Um estudo publicado no ano passado no “International Journal of Mental Health and Addiction” revela que é eficaz no combate à depressão, ansiedade e stress. Um outro, publicado também em 2020, na revista científica “Urban Forestry and Urban Greening”, demonstra que a prática de imersão na floresta aumenta a criatividade. Os participantes de um workshop de Forest Therapy, de três dias de duração, exibiram um aumento de 27% no desempenho criativo.

No Reino Unido, já há médicos a receitar a Natureza como “medicamento” aos seus doentes. Em Shetland, Escócia, um projeto implementado numa parceria entre o serviço nacional de saúde local e uma associação de proteção de aves permite que os médicos de família prescrevam estar na Natureza como parte do tratamento. “Nos Estados Unidos, também há médicos a prescrever idas para a Natureza e as práticas de Forest Therapy começam a ser integradas nos cursos de Medicina”, diz Maria do Carmo Stilwell, fundadora da Renature, primeira empresa a trazer para Portugal a terapia da floresta.

Maria do Carmo, também conhecida por Geeta, é farmacêutica de formação e, em 2017, encontrou na Natureza a terapêutica para sair de um burnout provocado por excesso de trabalho. “A ciência já demonstrou que o ambiente da floresta pode diminuir a pressão arterial, a frequência cardíaca, os níveis da hormona do stress, ansiedade, depressão, raiva, fadiga e confusão”, afirma a guia certificada em Forest Therapy.

Mas, afinal, em que consistem estes mergulhos na Natureza? São sessões, com maior ou menor duração, em que os participantes são convidados a explorar a ligação sensorial à floresta. “Primeiro, oriento as pessoas a tomarem consciência dos seus sentidos, dos sons, dos cheiros…”, descreve Maria do Carmo. Depois, seguem-se convites para desacelerar, para deixar de lado o telemóvel e o mundo digital, para descobrir o ritmo que cada corpo pede, para ver com todos os sentidos o que a Natureza oferece, acrescenta.

Atualmente, a Renature trabalha em 14 florestas, bosques e parques naturais como o de Sintra-Cascais, Monsanto, Arrábida, serra da Estrela, Peneda-Gerês e Montesinho, as serras do Caramulo e da Lousã e a Mata Nacional do Buçaco. E oferece programas individuais, em família ou para empresas, a partir dos 17 euros por pessoa (três horas). O mais caro pode chegar aos 900 euros (cinco dias na Natureza com alojamento e tudo incluído). As inscrições podem ser feitas no site www.renature.pt

Os participantes da Forest Therapy são convidados a ligar os sentidos à Natureza: a experimentar os sabores
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