Durante séculos, as peças foram desenhadas e trabalhadas por homens, mas o ofício está a mudar de mãos. Três joalheiras apresentam adornos deslumbrantes.
Luxo que atravessa os tempos, as joias são adornos de que as mulheres não prescindem. Durante séculos, a arte foi dominada por homens, mas as mulheres estão a tomar conta (também) deste ofício. A NM falou com três designers de joias e desafiou-as a apresentarem peças. Uma coisa é certa: as histórias e a inspiração das artistas tornam o resultado ainda mais deslumbrante.
Apaixonada por pedras preciosas, Rosarinho Cruz, do Porto, apresenta o anel “Uma história de vida”, feito com ouro, turmalinas e diamante. Escolheu-o porque é nele que encontra parte do seu caminho. As pedras, explica a joalheira, são de dimensões diferentes e simbolizam os obstáculos da vida que é preciso superar. Desde pequena que Rosarinho Cruz se lembra de fazer joias em arame, chapa e parafusos e outros materiais que descobria na escola de arte onde o seu pai dava aulas. Inspira-se na Natureza, nas pessoas que a rodeiam, no amor, na lealdade, na cumplicidade de um olhar. E cada peça que desenha conta uma história. Este anel, diz, é como “olhar para trás”: “Ver que os obstáculos que passei têm luz, brilho, beleza. Não há rancor, nem ódio, é história de vida”.
Esculpir, moldar plasticina, fazer bijuteria. A paixão de miúda cresceu e a joalharia tornou-se um fascínio para Carolina Curado. Nasceu em Braga, mudou-se para Lisboa quando casou e arrancou com o negócio em 2012. Pouco depois juntou-se a Fátima Reis, uma verdadeira equipa de mulheres, faz questão de frisar. É formada em Biologia, mas, mal terminou o curso, enveredou pela joalharia. Ainda assim, é nas flores, animais e folhas que estudou que se inspira para grande parte das peças. Os brincos “Snake Knot”, uma cobra entrelaçada, foram esculpidos com uma agulha e evidenciam o detalhe com que gosta de trabalhar.
Sofia Ferreira nasceu numa família de ourives do Porto e a aproximação à arte foi quase óbvia. Mas antes de se dedicar em pleno ao ofício passou pela área têxtil, onde ainda hoje vai buscar inspiração. Sempre fez as suas joias e as das filhas, depois vieram os pedidos das amigas e conhecidas, até que resolveu tirar um curso para perceber melhor a técnica. “Não basta ter ideias é preciso saber como aplicá-las.”
Sofia Ferreira define-se mais como “recreativa do que criativa”. Gosta de pegar no antigo, no que já foi inventado, e transformá-lo para adaptá-lo às tendências atuais. Para os brincos “Antonieta”, inspirou-se no filme da célebre rainha francesa. “Não na personagem, mas sobretudo nas cores do filme, nos tons de frutos silvestres”, detalha.
