Síndrome da disfunção cognitiva é a demência mais comum nos cães, mas está subdiagnosticada. Se detetada precocemente, é possível retardar a evolução.
Os primeiros sinais são subtis e facilmente considerados normais do processo de envelhecimento. O cão interage menos, fica mais ansioso, tem alterações do ciclo sono/vigília, esquece-se do que aprendeu (por exemplo, passa a fazer as necessidades num local diferente do habitual), mostra-se desorientado, fixa o olhar no vazio ou torna-se violento com pessoas ou animais com os quais está familiarizado.
Estes são alguns dos sintomas da síndrome da disfunção cognitiva (vulgarmente conhecida como Alzheimer canino), a demência mais comum nos cães. “Esta é uma patologia em que se repara mais em ambiente familiar do que no consultório. Mas como muitas vezes é confundida com o envelhecimento, está subdiagnosticada, pois os donos adiam a ida ao médico”, refere Daniela Leal, médica-veterinária de animais de companhia da Barkyn.
Esta doença neurodegenerativa afeta animais seniores, sendo mais comum a partir dos 11 anos. É cada vez mais prevalente por causa do aumento de esperança de vida nos cães. Não existe um teste para a despistar. O diagnóstico é feito através da realização de exames médicos e da análise do historial clínico, de modo a eliminar outras patologias.
Não tem cura, mas é possível retardar a evolução da síndrome de disfunção cognitiva se for diagnosticada precocemente e o tratamento for rapidamente iniciado. Segundo Daniela Leal, além da administração de fármacos para combater o envelhecimento celular, é importante que a alimentação seja apropriada a cães idosos e que o animal continue a ser estimulado física e cognitivamente. “A aprendizagem deve ser feita ao longo da vida e o dono deve interagir sempre com o cão”, sublinha a médica-veterinária. É igualmente importante manter os passeios, mesmo que mais curtos, e que as refeições continuem a ser dadas à mesma hora.
No caso de o animal passar o dia sozinho, há que ter alguns cuidados, como confiná-lo a um espaço para que não se desoriente e, consequentemente, fique ansioso. Deixar o televisor ou o rádio ligado e disponibilizar mais brinquedos é também importante pois ajuda a estimulá-lo cognitivamente.
À medida que a doença vai progredindo, a qualidade de vida do animal deteriora-se. “Ele deixa de conseguir levantar-se para fazer as necessidades, por exemplo, e perde massa muscular. O sofrimento começa a ser grande”, exemplifica Daniela Leal. Em muitos casos, a eutanásia é a única forma de terminar com a dor.