Susana Romana

A demissão de Cabrita, as promessas de Costa e a corrida aos testes

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Se este Natal estão a pensar pedir alguém em casamento, ou vão celebrar umas bodas de ouro ou, enfim, algo que mereça uma joia rara, ofereçam autotestes de supermercado. Da maneira que andam a esgotar e a serem usurpados para serem revendidos, são o item de luxo da temporada.

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Portugal tem aliás batido o recorde de testes. Por dia, são feitos quase tantos como o número de testes de Análise Económica que eu fiz até conseguir passar a essa cadeira do demónio na faculdade.

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Basta, aliás, passar nas imediações de uma farmácia para ver as grandes filas de gente à espera. Está a um Gil de ser a Expo 98. Espero que tenham guardado aqueles banquinhos de cartão muito jeitosos.

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Portugal começa a discutir se a vacinação deveria ser obrigatória. A maior parte das forças políticas é contra. Eu também sou. A obrigatoriedade só ia dar azo a essa tradição nacional “agora é que não faço mesmo”. A nossa adolescência perpétua devia ser Património Imaterial da UNESCO.

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A DGS elucidou que se devem usar máscaras em discotecas, tirando para beber e dançar. Ou seja: se são aquela pessoa que fica com ar de seca, encostado a uma coluna a mexer no telemóvel até a boleia se querer ir embora, têm de estar de máscara. E é bem feita, na verdade. A não ser que esteja a dar reggaeton, aí têm desculpa.

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Eduardo Cabrita demitiu-se finalmente do Governo. Adorava saber o que pôs no LinkedIn. “Experiência: consegui corroer um Governo até dar cabo de um primeiro-ministro. Distraí as pessoas das chatices da pandemia. Sou amigo do meu amigo. Sei powerpoint na ótica do utilizador e estou a acabar o 12.º à noite.”

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A demissão deu-se no seguimento da acusação do seu motorista por homicídio por negligência. São sempre os motoristas a meter as pessoas boas em alhadas, não é? Eu até tenho medo de apanhar o 732 para Caselas, sei lá eu o que o motorista da Carris andou a fazer.

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Costa veio dizer que tinha planos para remodelar o Governo a seguir ao Orçamento e promete um Executivo mais pequeno se for reeleito. Primeiro: se não remodelou, a culpa é do PCP e do BE. Segundo: se Cabrita perder peso, na volta ainda está a valer para a versão miniatura.