Quando as aves se automutilam

Na maioria das espécies, a muda de penas em aves adultas ocorre uma vez por ano (Foto: Freepik)

Alterações alimentares, presença de parasitas ou situações de stresse podem fazer com que as aves arranquem as penas e se piquem.

Se a sua ave de estimação começar a arrancar as próprias penas, fique alerta. Poderá ser um sinal de que algo está mal com a saúde do bicho, e caso o problema não seja rapidamente resolvido, poderá evoluir para situações de autolesão. O picacismo (assim se designa este comportamento) pode ocorrer em qualquer espécie, embora seja mais comum nos papagaios, periquitos, caturras e catatuas.

As penas podem ser arrancadas nos vários locais do corpo que a ave alcança com o bico (peito, costas, por baixo das asas ou junto às patas) ou numa zona específica. Nos casos mais graves, o animal pica ou arranca pedaços da pele, provocando feridas.

A automutilação indicia sempre desequilíbrios físicos e/ou psíquicos que poderão ser causados por défices nutricionais, doenças infecciosas ou parasitárias ou alterações ambientais (como a introdução de uma nova ave na gaiola, a morte do companheiro ou a mudança do animal para um ambiente mais ruidoso). Ao contrário do que acontece durante a muda natural das penas, numa situação de picacismo “a quantidade de penas novas não acompanha a quantidade de penas perdidas, os animais começam a ficar com a pele muito exposta e há, muitas vezes, alteração da coloração da pele e o aparecimento de dermatites ou de feridas”, alerta o médico-veterinário João Almeida, do Centro Veterinário maisVida, em Viseu.

Aos primeiros sinais de picacismo, é importante contactar um clínico para tentar identificar o que está na origem do comportamento. Em casos graves, como quando já existe ferida, a ave deverá ser observada por um especialista o quanto antes. Se viver numa gaiola com outras aves, deverá ser isolada. “Por vezes, aparecem situações de canibalismo. As outras aves têm tendência a picá-la também, o que pode provocar-lhe a morte”, salienta João Almeida.

O médico-veterinário refere ainda que na altura de construir o ninho as fêmeas poderão arrancar as próprias penas, caso não tenham outros materiais à sua disposição. Trata-se de uma situação temporária que, em princípio, não tem grandes consequências para a saúde da ave. Contudo, é importante confirmar que não há ferimento.

A muda de penas

Na maioria das espécies, a muda de penas em aves adultas ocorre uma vez por ano (no final da primavera ou no princípio do outono). Nesta altura, deve fazer-se uma suplementação alimentar, uma vez que as aves necessitam de mais proteína. É normal as aves ficarem menos ativas e as canoras, como os canários, cantarem menos. A muda dura entre seis e oito semanas.