Esta semana, temos connosco Anthony Fauci, o especialista da Casa Branca em doenças infecciosas. Olá, doutor, tenho andado aqui com uma dor no ouvido, será uma otite? Peço desculpa de começar assim, mas sabe que é um hábito muito português – uma pessoa sempre que está com um médico aproveita para tentar uma consulta de graça.
Deixe cá ver isso. Hum… Costuma ver os programas da Cristina Ferreira?
Sim, eu costumava…
Então é isso. Depois passa.
Obrigado. Já enfrentou vírus como SIDA, SARS, MERS, Ébola. Como é ter de enfrentar o Trump?
É complicado porque os vírus são resistentes, mas o presidente é ainda mais teimoso.
Pois, eu imagino. Só para lhe explicar que a Terra é redonda devem ter sido horas.
Pois. Quando o corona apareceu a ideia dele era agarrá-lo “by the pussy”. Tive de lhe explicar que o corona não tinha pipi.
Tenho de lhe confessar: adoro ver a sua cara quando está ao lado do Trump e ele diz aquelas alarvidades sobre a pandemia. Faz-me lembrar eu nos jantares de Natal a ouvir falar um tio que é racista e facho. Deviam arranjar um especialista em língua gestual para traduzir o que a sua cara está a dizer.
Eu já disse que não posso saltar para a frente dele ou tirar-lhe o microfone e dizer – não é nada disto, não liguem porque este tipo é maluco.
Pois, até porque isso já toda a gente sabe. O senhor tem 79 anos, dorme quatro horas por dia e todas as manhãs corre 11 quilómetros. O doutor faz do nosso presidente Marcelo um velhinho com os pés para a cova. Qual é o segredo para ter essa saúde?
É fazer o contrário do que faz o Trump.
Hum… não acredito. Vocês médicos especialistas em vírus e cenas assim devem saber coisas que nós, reles mortais, não sabemos. Aposto que já devem ter inventado um soro da eterna juventude e não nos contaram nada. Sabe que eu gosto muito de teorias da conspiração. Por exemplo, eu acho que o corona foi feito na Coreia do Norte.
Isso não faz sentido. O corona não foi fabricado em lado nenhum.
Foi, sim senhor. Se pegar num microscópio daqueles supermicroscópios dá para ver “Made in North Korea”.
Isso não é verdade.
Está despedido! Ponha-se a andar. Agora, a contrariar uma coisa que me contou um taxista. Agora têm todos a mania que são especialistas.
Demitir ou não demitir, eis a questão
Anthony Fauci, especialista que lidera o combate à Covid-19 nos Estados Unidos, não pára de colecionar críticos, ao ponto de passar a ter segurança pessoal, após receber ameaças de morte.
O cientista, conhecido por corrigir constantemente Donald Trump em matérias relacionadas com a pandemia, defende que as medidas restritivas atualmente em vigor devem continuar, opiniões que o tornaram num alvo preferencial da direita radical.
Há uma semana, Trump usou a conta pessoal no Twitter para divulgar uma mensagem que continha a menção “#FireFauci” (#DespeçamFauci), dando a entender que estaria de acordo com a saída. No entanto, poucas horas depois, a Casa Branca desmentiu essa intenção.
