Ursula von der Leyen: a senhora que se segue

Foto: Clemens Bilan/EPA

Texto de Alexandra Tavares-Teles

Única mulher com assento permanente no Conselho de Ministros de Angela Merkel nos últimos 15 anos, primeira a assumir o Ministério da Defesa, marco na história das forças armadas alemãs, Ursula von der Leyen protagoniza agora, aos 60 anos, a estreia feminina na presidência da Comissão Europeia – mundo conhecido da germânica, defensora das quotas para mulheres, mãe de sete filhos decidida a provar que a maternidade não impede uma carreira.

Nascida e criada em Bruxelas, Bélgica, Ursula von der Leyen tem pedigree político. O pai, Ernst Albrecht, antigo primeiro-ministro da Baixa-Saxónia, fora alto funcionário da recém-criada Comissão em janeiro de 1958, precisamente o ano que verá nascer a nova presidente. Em Bruxelas até aos 13 anos, aprende línguas, ganha interesse pelos assuntos da Economia. De tal forma que aos 20, em 1978, ingressa na prestigiada London School of Economics. Em Londres, para evitar atentados terroristas em função do cargo paterno, é Rose Ladson. E é no Reino Unido que muda o rumo, trocando Económicas pela Medicina.

Na faculdade, conhece o professor de origem aristocrática Heiko von der Leyen, com quem casará. Especialista em Ginecologia, interrompe a carreira aos 28 anos, já mãe de dois gémeos, para seguir o trabalho do marido na Califórnia, EUA.

No regresso à Alemanha, faz então a primeira aproximação à política. Filia-se na CDU, de centro-direita, e envolve-se na política local, em Hanover. Em 2003 é já ministra do governo estadual da Baixa Saxónia, seguindo o exemplo paterno.

O percurso chama a atenção de Merkel, que em 2005 a promove ao Governo central, atribuindo-lhe o cargo de ministra da Família, nomeação tida sem qualquer peso político. Mas quando Ursula lança o desafio das quotas de género, propondo um valor de 30%, todos percebem, a começar pela chanceler alemã, que não será bem assim. Angela Merkel opõe-se à medida.

Von der Leyen, porém, acaba por levar a proposta a bom porto e a líder do Governo anota a persistência. Entrega-lhe, por isso, a pasta do Trabalho. A defesa de um salário mínimo nacional e as posições a favor da adoção e casamento igual para todos merecem a Ursula críticas duras, sobretudo dentro da CDU. A defesa de uns “Estados Unidos da Europa” leva o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, a declarar: “Manter o controlo de uma crise financeira com colegas como Ursula é atravessar uma sala cheia de nitroglicerina com uma vela acesa na mão”.

O período na Defesa, ministério seguinte, fica marcado por vários escândalos – acusações de plágio na tese de doutoramento e, mais recentemente, um inquérito parlamentar sobre irregularidades na atribuição de contratos públicos, suspeitas que esfumaram a possibilidade de a médica suceder a Merkel.

Com o futuro interno incerto, começaram a surgir os rumores de que poderia vir a ocupar um cargo europeu. Federalista, tem o apoio do presidente francês, Emmanuel Macron. De casa, vieram as críticas mais duras. “Ela é a ministra mais fraca. Pelos vistos isso é suficiente para se ser presidente da Comissão”, atacou o ex-líder do SPD e antigo presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, no Twitter.

Cargo: Presidente da Comissão Europeia
Nascimento: 08/10/1958 (60 anos)
Nacionalidade: alemã