A hiperplasia benigna da próstata dá vários sinais. Não há prevenção, nem cura, mas há tratamentos adaptados a cada doente.
A idade avança e as doenças da próstata tornam-se mais comuns na vida dos homens. O cancro é uma grande preocupação, talvez a maior, mas há outras patologias. A hiperplasia benigna da próstata é uma delas. O que acontece? As células da próstata aumentam e provocam a compressão da uretra, podendo originar a obstrução da bexiga. É um aumento que acontece naturalmente, sem causas exatas, mas está associado à idade.
Cerca de 50% dos homens com mais de 50 anos têm sintomas sugestivos dessa doença. Um número que atingirá 80% dos homens com mais de 75 anos. Dificuldade em iniciar a micção, urgência em urinar, jato mais fino e fraco, são alguns dos sintomas. “Contudo, por vezes, a doença manifesta-se pelas suas complicações, nomeadamente a insuficiência renal, a litíase vesical, a incontinência urinária paradoxal ou a retenção urinária aguda com necessidade de algaliação”, explica Vítor Hugo Nogueira, do Serviço de Urologia do Hospital de Braga, tutor de Urologia na Universidade do Minho, membro efetivo da Associação Portuguesa de Urologia e da Associação Europeia de Urologia.
A partir de que idade é que é necessário ir ao médico? Não há regras estanques e estabelecidas. “Nos doentes com queixas miccionais, isso normalmente acontece quando os sintomas começam a causar incómodo e alterações na qualidade de vida (nomeadamente do sono)”, refere o especialista. Quanto ao cancro da próstata, existe algum consenso em avaliar os homens a partir dos 50 anos de idade.
Os homens com história familiar de cancro da próstata devem iniciar a avaliação médica mais cedo
“É importante salientar que os homens não devem sentir vergonha nem receio de falar com o seu médico de família sobre sintomas que possam ter, nem de fazer a análise do PSA ou toque retal, uma vez que a suspeição clínica de carcinoma da próstata resulta frequentemente das alterações nesses parâmetros”, diz o médico.
A patologia não tem forma de prevenção nem cura, mas tem tratamento. “Quer a hiperplasia benigna da próstata quer o cancro da próstata são doenças cuja prevalência aumenta com a idade, sendo, como tal, mais frequentes após os 50 anos. Há, contudo, algum grau de evidência de incidência familiar em ambas as patologias”, refere Vítor Hugo Nogueira. “Não existem, claramente, formas de prevenir qualquer uma das doenças. Apesar disso, a adoção de um estilo de vida saudável e a prática regular de exercício físico parecem ter um efeito protetor”, sublinha.
Um diagnóstico precoce aumenta exponencialmente a probabilidade de um tratamento de sucesso e recuperação da qualidade de vida
E como tratar? Há basicamente dois tipos de tratamento: médico e cirúrgico. O tratamento médico consiste na utilização de fármacos. “Esse tratamento é, em muitos doentes, suficiente para promover uma melhoria muito significativa das queixas urinárias e prevenir a necessidade de uma futura intervenção cirúrgica.”
Na falência do tratamento médico ou em doentes com sintomas urinários severos, há a possibilidade de realizar um tratamento cirúrgico. “Existem várias possibilidades que vão desde a cirurgia aberta clássica, às técnicas endoscópicas de ressecção, vaporização ou enucleação, bem como a cirurgia laparoscópica ou robótica”. “O objetivo primordial de todas essas técnicas é sensivelmente o mesmo: reduzir significativamente o volume prostático conseguindo com isso uma diminuição da obstrução/resistência à saída de urina, conseguindo assim uma melhoria das queixas miccionais”, acrescenta.
Relativamente ao cancro da próstata, as opções terapêuticas são uma consequência do momento em que a doença é diagnosticada. Em linhas gerais, há duas possibilidades de tratamento: o tratamento com intenção curativa e o tratamento paliativo. “O tratamento curativo compreende a cirurgia (nas suas diversas vertentes técnicas) e a radioterapia/braquiterapia. O tratamento paliativo consiste no bloqueio hormonal e quimioterapia. Dentro de cada uma destas possibilidades de tratamento, a opção definitiva dependerá sempre da vontade e das características individuais do doente”, adianta Vítor Hugo Nogueira.