Philippe Vergne: O curador que se segue

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Texto de Alexandra Tavares-Teles

Escolhido a dedo e por unanimidade pelo Conselho de Administração para a Direção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, num processo que envolveu candidatos de todo o Mundo e a opinião reconhecida de vários diretores de museus internacionais, o curador francês Philippe Vergne regressa à Europa ao fim de 22 anos de vivência nos Estados Unidos.

Foi em 1997 que trocou a Direção do Museu de Arte Contemporânea de Marselha pela curadoria do Walker Art Center, Minneapolis, onde esteve entre 2005 e 2008. Foi depois diretor da Dia Art Foundation, Nova Iorque (2008 a 2014), e do Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (MoCA), trabalhos de que resultaria a “forte reputação internacional” que a Fundação de Serralves salienta em nota enviada à imprensa em fevereiro.

Filho de uma historiadora de arte, frequentador precoce de exposições e do mundo cultural, cursaria Direito antes de se decidir pela História de Arte Moderna, por um percurso e modo de vida. 25 anos depois, casado com uma curadora influente, Sylvia Chivaratanond, ainda admirador de Dali – admiração de infância -, pedem-lhe que abra “um novo e significativo capítulo para Serralves”, no momento em que se celebram os 30 anos da criação da instituição.

A expectativa é alta: “(Philippe) traz uma visão artística sólida e inspiradora não só para o Museu e para a Coleção, mas também para o extraordinário património da Fundação de Serralves e do seu parque histórico”, justifica a Fundação. Descrevem-no “afável, cordato”. De personalidade vincada, porém.

Há cerca de um ano, então diretor do Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, demitiu a curadora-chefe do museu, Helen Molesworth, que o próprio havia contratado. “Diferenças criativas” explicaram a demissão. Numa palestra em janeiro de 2018 na Universidade da Califórnia, Molesworth resumia: “Há dias em que me sinto algemada à parede”. Dois meses depois de muita especulação e embaraço para o museu, MoCA e o curador francês acordaram pela não renovação do contrato, que expirava em março de 2019.

“É uma pessoa cujo percurso respeito e com quem tive a honra de colaborar”, diz João Fernandes à “Notícias Magazine”. O ex-diretor de Serralves, atual subdiretor do Museu Reina Sofia (Madrid), conhece a casa de cor. “Philippe tem o conhecimento e a experiência de instituições necessários para construir um projeto para Serralves.” Porém, “terá de se informar sobre o contexto português, o contexto em que vai operar. A grande questão passa por saber que abertura terá para dialogar com esse contexto”.

Cargo:
Diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (entra em funções em abril de 2019)

Nascimento:
1966 (52 anos)

Nacionalidade:
Francesa