Todos carregamos bagagens mais ou menos pesadas de medos, que até certo ponto nos preservam de errar – e sofrer – demasiado. Mas e quando passa a ser o medo a conduzir a nossa vida? Pior: e se em vez de um houver logo seis a impedir-nos de alcançar a felicidade?
É um facto: críticas geram sentimentos de tristeza, raiva, mágoa e orgulho ferido, abalam-nos como poucas coisas na vida. Queremos todos ser aceites, amados, aprovados, pelo que quando uma crítica nos é dirigida (por muito construtiva que seja) dificilmente conseguimos vê-la como algo mais que uma reprovação pelo que somos ou pelo nosso trabalho. E então, como não esmorecer? Comece por não se exaltar nem bater em ninguém, reagindo a quente à bomba que lhe lançaram. Respire fundo. Acalme-se. E então perceba se ficou furioso por achar que o reparo era merecido e repita mil vezes que descobrir como podemos melhorar com os erros só nos faz evoluir. Acima de tudo, não seja dependente do que os outros pensam de si.
O médico garante que está tudo em ordem. Os exames atestam-no. De onde vem, então, aquela dor nas costas, na cabeça, na barriga? Aquele aperto na garganta e no peito? Do mesmo modo que o efeito placebo gera um alívio concreto dos sintomas, crenças negativas (como o medo de adoecer) alteram a comunicação do cérebro com o resto do corpo, mudando a bioquímica do organismo. Na prática, ao transferirmos para o físico dificuldades emocionais com que não sabemos lidar, não só conduzimos o corpo a doenças reais como somos incapazes de pensar para lá da doença que julgamos ter – uma preocupação verdadeiramente incapacitante no dia-a-dia. Se é este o caso, há que procurar ajuda especializada.
Ponto um: a pobreza é um estado de espírito, tal como a riqueza. Ponto dois: não somos (nenhum de nós é) o dinheiro que temos. O que significa que não nos serve de nada trabalhar de manhã à noite, movidos só pelo status e um ordenado chorudo ao fim do mês, se depois regressarmos todos os dias a casa angustiados, stressados e deprimidos com a pessoa em que nos tornámos. Também não faz sentido achar que dinheiro é mau, porque não é – apenas não deixe que seja isso a dar sentido à sua vida. Na dúvida, faça como as pessoas emocionalmente inteligentes, que pensam com frequência em como são gratas por tudo o que têm de bom: além de serem mais animadas graças à redução de cortisol (a hormona do stress) no organismo, tendem a atrair ainda mais abundância para as suas vidas.
Costuma começar com um medo obsessivo de perder o parceiro, de sermos rejeitados, de não sermos amados: é então que surge a necessidade de controlar absolutamente tudo o que o parceiro sente e faz e acabamos, de facto, a sabotar o relacionamento, cada vez mais distanciados da felicidade. Amor verdadeiro não é exigência, é confiança, até porque controlar a vida do outro não nos dá qualquer garantia de que a relação vá durar. E cuidado, porque pode ser um sinal de que a sua verdadeira personalidade pode ser menos importante para si do que aquela que tem construído para suster a vossa relação. Nunca, nunca mesmo, se distraia do seu próprio valor.
É ponto assente: ninguém quer ser velho. Não só voltaríamos todos atrás no tempo se pudéssemos, como poucos de nós saberão envelhecer sem que o pavor da solidão, das rugas e da deterioração física e mental nos impeça de sermos felizes à medida que os anos passam. E isto quando envelhecer faz parte da vida e se traduz em maior experiência, (auto)conhecimento e maturidade. Por isso mime-se. Cuide de si o mais que puder. Alimente-se bem. Pratique desporto. É verdade que ajuda a atrasar os efeitos do envelhecimento mas, ainda mais importante, fará com que goste de si e se aceite como é, sem pôr as cartas todas na aparência.
E que dizer quando é o nosso medo de morrer que nos impede de viver? Chega a ser tão extremo e irracional que até tem nome e tudo (tanatofobia), podendo desencadear pensamentos obsessivos e uma ansiedade que paralisa. Segundo o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, tal deve-se ao facto de representar para nós a dimensão mais radical do desconhecido imaginável, «com o poder de fazer os nossos corpos vivos voltarem ao reino não humano de onde originalmente saímos». E uma vez que é essa a única coisa que não podemos controlar, mais vale concentrar-se no que acontece aqui e agora. Procurando sempre aquela mudança que fará a diferença na sua vida para esquecer o receio.