Texto de Ana João Mamede
Onze. Onze é o número de mulheres assassinadas pelos maridos, ex-companheiros ou namorados em Portugal em 2019. E os números não param de aumentar. Todas elas vítimas de violência doméstica.
As agressões a homens, crianças e idosos estão a ganhar expressão, mas o perfil geral da vítima ainda se escreve no feminino: 82,5% com uma idade média de 42 anos. Em média, 14 mulheres são agredidas por dia, 97 por semana, 5 036 por ano – segundo o relatório anual da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), atualizado em setembro de 2018.
Susana Travassos, 36 anos, algarvia, é psicanalista e cantora. “Não Doeu” é o single do seu novo álbum de originais “Pássaro Palavra”. O tema foi composto por Luísa Sobral e remete para a questão da violência doméstica. A letra expõe o sentimento de uma mulher que se mantém num relacionamento abusivo, sem ser capaz de encontrar uma saída.
“Existem muitas mulheres nessa situação neste momento, esperamos que esta canção possa servir como um encorajamento para um pedido de ajuda”, afirma Susana Travassos, que nos últimos anos tem conquistado terreno no panorama musical da América do Sul.
O tema não deixa ninguém indiferente, pelo que foram várias as instituições que se uniram ao lançamento do trabalho – APAV, União Brasileira de Mulheres, Instituto Nacional de Las Mujeres da Argentina e a Instituição Equatoriana PreViMujer -, reconhecendo, dessa forma, a importância da sensibilização desse problema social.
Apesar de ter vivido os últimos anos no Brasil, Susana Travassos não é uma desconhecida dos portugueses. No ano passado, foi finalista do Festival da Canção da RTP com um tema de Aline Frazão. Em “Pássaro Palavra”, disco gravado na Argentina e que é lançado em Portugal nesta sexta-feira, destaque, ainda, para a participação da americana Melody Gardot. O álbum será apresentado a 8 de março, Dia Internacional da Mulher, no Auditório Carlos do Carmo, em Lagos, no Algarve.
