Luís Meira: o senhor INEM

Texto de Alexandra Tavares-Teles

Para atender o telefonema da “Notícias Magazine” interrompe a viagem e desliga o CD. Ia a ouvir “News of the World”, álbum da banda britânica Queen, favorita desde os anos de adolescência e das tardes passadas agarrado à guitarra (e à flauta transversal), era então aluno do Conservatório de Aveiro mais por gosto, dele e da mãe, que por jeito. “Sem música”, diz, “não vivo. Acompanha-me sempre, nos bons e maus momentos”.

Este foi um Natal triste para o presidente do INEM. A queda de um helicóptero causou a morte a três operacionais da casa. “Três familiares, porque é isso que somos no Instituto – uma família.” Certeza reforçada pela tragédia, como único ponto positivo dos últimos dias, frisa, otimista por natureza: “As pessoas que vestem a farda são mesmo parte de uma família, capazes de fazer autênticos milagres no terreno”.

“As pessoas que vestem a farda são mesmo parte de uma família, capazes de fazer autênticos milagres no terreno”

Deseja, garante, “dar-lhes melhores condições”, promete “lutar por isso”. Porém, os helicópteros “fora de prazo” é um assunto que tratará “apenas com as entidades próprias”.

Nascido em Aveiro em 1967, Luís Meira quis ser médico desde a adolescência, seguindo o exemplo do único irmão, um pouco mais velho. Filhos de uma família da classe média baixa – mãe escrituraria e pai topógrafo -, sabiam que teriam de aplicar-se nos estudos. A emergência cedo fez parte do plano de Luís (daí a escolha da especialidade, anestesiologia). Porquê? “A emergência tem algo de única – é onde melhor se percebe que duas pessoas fazem mesmo a diferença.”

Foi operacional durante anos. “Deixei apenas em 2014, mas ainda hoje, se for preciso, estou pronto.” Iniciou a colaboração com o INEM em 1997. Integra os quadros desde 2000. É no INEM que pensa quando olha o futuro. “Não me imagino noutra casa. Seja qual for o cargo, esta será sempre a minha casa.”

Presidente desde 16 de outubro de 2015 em regime de substituição (resultado da demissão de Paulo Campos), assumiu a função em pleno, por cinco anos, no verão de 2016. Pai de cinco filhos, gosta muito de ouvir, “menos de sair da reserva”. De cozinhar para os amigos. E de doces, não fosse aveirense. “Não há melhores ovos-moles do que os da minha terra.” Claro.