Águias gastam pequena fortuna e ameaçam futuro

Texto de Bruna Sousa

No âmbito de um projeto da Russian Raptors Research and Conservation Network, investigadores russos do Centro Ambiental da Sibéria instalaram em águias das estepes emissores de GPS, alimentados por pequenos painéis solares. As aves fugiram do alcance dos cientistas e voaram fora da rota habitual de migração. O feito resultou no gasto de avultadas quantias em roaming, provocadas pelas mensagens que os dispositivos instalados enviaram automaticamente.

Os sistemas de GPS estão equipados com um cartão de telemóvel, que localiza o animal 12 vezes por dia. As coordenadas são enviadas para os contactos dos pesquisadores em quatro mensagens. Se a ave voar para fora do alcance da cobertura móvel, os dados são armazenados em texto assim que volta ao alcance.

Três das 13 aves monitorizadas voaram para o Irão, Tajiquistão e Turquemenistão, provocando um aumento dos custos associados ao projeto russo, que se dedica a perceber os perigos enfrentados pela espécie em vias de extinção e que habitualmente migra para países da África, do Médio Oriente e da Ásia Central.

A situação foi agravada por Min, um macho assim chamado por ter nascido na cidade de Minusinsk. A águia das estepes passou o verão no oeste do Cazaquistão e voou para o Irão, no início deste mês, esgotando o crédito dos investigadores. Durante a estadia no país, o dispositivo instalado na ave enviou centenas de mensagens de texto de dados de GPS, o que custou cerca de 100 euros por dia. Cada mensagem de texto no Irão custa 69 cêntimos, cerca de 25 vezes mais do que na Rússia e três vezes mais do que no Cazaquistão.

A falta de fundos levou os cientistas a pedirem um empréstimo e a encetarem uma campanha de financiamento coletivo. “Recarregue o telemóvel da águia” já arrecadou o suficiente para que a pesquisa continue até ao final do ano.