Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia de Shutterstock
Hoje, subir a Torre Eiffel ou a Estátua da Liberdade e não tirar uma fotografia é como se nem tivesse lá passado. Ir a um concerto sem o telemóvel é impensável e as luzes dos flashes já se tornaram parte integrante do espetáculo.
O cantor Jack White proibiu telefones nos seus espetáculos e os fãs não ficaram nada contentes. Sem esquecer, claro, a fotografia ideal daquela refeição que nunca mais vamos esquecer e que tem de ser partilhada naquele momento.
Em férias ou no dia-a-dia, tirar fotografias sozinho ou rodeado de amigos, de vários ângulos e, claro, selfies, já faz parte do comportamento da maioria das pessoas.
«Quando tiramos uma foto a pensar em partilhá-la, estamos a viver o momento como se fosse na terceira pessoa», explica a investigadora Alixandra Barasch.
Mas viver de câmara na mão tem prós e contras. Segundo um estudo da Universidade Stern de Nova Iorque, tirar fotografias dos momentos ajuda a aumentar a sensação de diversão. No entanto, a procura pela «fotografia perfeita com o objetivo de partilhá-la pode gerar ansiedade», explica Alixandra Barasch, a autora do estudo citado pelo El Mundo. «Quando tiramos uma foto a pensar em partilhá-la, estamos a viver o momento como se fosse na terceira pessoa», explica a investigadora.
Quando existe um aparelho entre nós e a experiência, estamos a criar um distanciamento com o que está a acontecer. A partilha constante não afeta apenas a sensação de prazer, mas também a memória. A tendência cada vez maior é usar as redes sociais como um diário da nossa vida, em que partilhamos os momentos que pensamos ter sido os melhores.
Existe também o chamado «efeito incapacitante», que se reflete na ideia de que a câmara é uma extensão da nossa memória orgânica, ou seja, «contamos com essas fotografias para nos lembrarmos dos momentos, em vez de usarmos a memória»
E as próprias redes – sobretudo o Facebook – vão-nos lembrando periodicamente de coisas que aconteceram há anos e acabamos por dar mais importância a esses momentos partilhados em detrimento de outros.
O investigador suíço Evangelos Niforatos defende que «se acabaram os critérios puramente estéticos. A partilha está ligada à gratificação. Quantos mais likes recebemos, melhor nos sentimos.» Existe também o chamado «efeito incapacitante», que se reflete na ideia de que a câmara é uma extensão da nossa memória orgânica, ou seja, «contamos com essas fotografias para nos lembrarmos dos momentos, em vez de usarmos a memória», explica o investigador.
Com máquinas no mercado que já fazem disparam automaticamente a cada 30 segundos durante 24 horas, sem precisar carregar no botão, como fica o futuro da nossa memória?