Hélder Reis: «A vida amadurece-nos, como ao vinho.»

Texto de Ana Patrícia Cardoso

Há quase vinte anos que a RTP é a segunda casa de Hélder Reis. Começou na Praça da Alegria «como empregado de mesa em 2000. Apresentei o programa uns cinco anos depois. As voltas da vida!».

Percorre o país a ouvir histórias e não se cansa de se surpreender. Até porque as pessoas continuam a ser a sua maior fonte de conhecimento. «Quanto mais anónimas e distantes da realidade mediática, melhor. Há histórias fascinantes em quem julga que não tem nada para contar.»

Essa ligação forte às raízes portuguesas levou‑o a escrever o livro Lendas, Ditos e Mitos de Portugal (ed. Manuscrito), que é «quase um guia. Não é um livro de história, é um livro de histórias. Um diz que disse.»

«Um dia, em Braga, um senhor disse ‑me: “O Fernando Pessa deixou um sucessor.”

O rapaz de 20 anos é muito diferente do homem de 41. A vida ensinou‑o a selecionar vivências e pessoas. «Sou mais assertivo, reservado, seguro, objetivo, confio menos, mas em mais qualidade. A vida amadurece ‑nos, como ao vinho.»

Apesar de já conhecer os cantos à casa, o trabalho ainda lhe reserva algumas surpresas e momentos inesquecíveis. «Um dia, em Braga, um senhor disse ‑me: “O Fernando Pessa deixou um sucessor.” Eu não concordei, mas gostei de ouvir.

E no Algarve um jornalista da BBC veio ter comigo e disse‑me: “Adorava vê‑lo trabalhar na BBC.” Eu acho que não me ia correr tão bem, mas foi marcante.» E ainda há muita estrada para andar.

Uma vida em números

1998 – SEMINÁRIO
Saiu do Seminário Maior do Porto e recomeçou a vida do zero.

16 – FAMÍLIA
Com 16 anos passava os verões inteiros, na praia, com a mãe.

40 – MATURIDADE
40 anos. «Entrei na melhor fase da minha vida.»

2000 – RTP
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