Falar de futebol evita a deterioração da memória

O futebol é usado como uma ferramenta para prevenir o declínio cognitivo num projeto lançado pela Universidade Autónoma de Barcelona, em Espanha, que criou um programa que usa esse desporto para combater a deterioração da memória. A ciência tem vindo a avisar que o futebol tem uma componente terapêutica ao despertar os neurónios como se fossem uma caderneta de cromos.

O programa da universidade catalã junta fãs da equipa do Barça. “Conversar sobre jogos antigos é um tipo de interação social que permite o envelhecimento ativo”, garante Sara Domènech Pou, diretora do programa, investigadora em saúde e envelhecimento, em declarações ao jornal espanhol El País.

Falar de futebol trava a inevitável perda de memória em pessoas com Alzheimer e demência. A especialista tem estudos que confirmam que relembrar aquela jogada, aquele golo, aquela tática, aquele treinador ou jogador, aquele pontapé de bicicleta, é um estímulo importante para avivar a memória.

Falar de futebol trava a inevitável perda de memória em pessoas com Alzheimer e demência

O futebol pode ser um clique, atrás daquele jogo é possível acordar recordações, despertar histórias. Os esquecimentos que chegam com a idade são uma dura batalha. Resgatar o que aconteceu há 30, 40, 50 anos, é complexo. “A emoção é a última coisa que um paciente perde”, refere ao El País Sara Domènech Pou, licenciada em Pedagogia, na vertente terapêutica, doutorada em Psicologia, com trabalhos científicos na área da estimulação cognitiva. O futebol encaixa perfeitamente porque é um jogo de emoções que reaviva alegrias e tristezas. E que, de forma terapêutica, reforça a atividade mental e os estímulos cognitivos para combater a espiral de esquecimento da memória.

O desporto da bola no pé é um amigo dos mais velhos. E tudo ajuda. Uma notícia no jornal, fotografias antigas, um relato gravado, uma partida na televisão, um cachecol do clube de coração, uma lembrança de um herói que não se esquece. A memória também é feita de imagens e sons. E a ginástica mental é essencial.

Na Universidade Autónoma de Barcelona, num programa inovador, junta-se um grupo de homens e mulheres reformados que contam e escutam e até têm oportunidade de ter a presença de gente especial – como o filho de Kubala, jogador húngaro, um dos melhores do Barça do seu tempo, que faleceu em 2002. E, nestas partilhas, os cérebros reavivam-se para contar velhas glórias futebolísticas do passado. Não é preciso ser fã, mesmo fã. Simpatizante basta. Até porque o futebol é parte da rotina, seja de que forma for, deste Mundo.