Casa de Papel: o sucesso mundial está de volta

Texto de Alexandra Pedro | Fotografias Netflix

«O partigiano, portami via/ O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao/ O partigiano, portami via/ Ché mi sento di morir». Esta é a música que ficou a ecoar entre os fãs da série Casa de Papel, cuja segunda temporada estreia esta sexta-feira, 6, na Netflix (veja o trailer no vídeo em baixo).

França, Itália, Argentina, Brasil e Turquia ficaram rendidos à história do assalto bilionário. Por cá, o sucesso confirmou-se. Rio, Berlim, Tóquio, Nairobi, Denver e o Professor conquistaram milhares de pessoas, estando a série entre as mais comentadas das redes sociais e permanecendo durante seis semanas consecutivas como a mais vista da plataforma de streaming. É ainda uma das séries mais populares no IMDb – site com maior base de dados de cinema e séries – e já venceu vários prémios em Espanha.

Sónia Martínez, diretora de conteúdos de ficção da Antena 3 espanhola, considera que parte do sucesso da série está relacionado com a forma como os espetadores entendem as personagens. «Sabemos que são pessoas que estão a cometer um crime, mas temos a sensação que estamos com eles, que são bons e que estão a cumprir o desejo de assaltar a Casa da Moeda», explicou ao El País.

Casa de Papel é «quase um manifesto político» que mostra uma «necessidade de viver de maneira diferente, de inventar outra organização social»

Já o criador da série, Alex Pina, vai mais longe e considera que a admiração pela história está relacionada com a deceção com governos e bancos centrais. «Estes senhores que atacaram a Fábrica Nacional de Moneda y Timbre representam quase uma componente antissistema com uma deceção em relação aos governos e bancos centrais. Um cansaço que tornou estes ‘robin hoods’ um padrão», frisou.

O crítico do jornal Le Monde, Pierre Sérisier, reforça a ideia do criador, considerando que a Casa de Papel é «quase um manifesto político» que mostra uma «necessidade de viver de maneira diferente, de inventar outra organização social». «É uma tentativa de demonstrar que o sistema capitalista é falível e que não é a única opção que nos resta», rematou.

De Espanha para o mundo

A Netflix não revela as audiências que tem, mas em Espanha – a série foi inicialmente transmitida pelo canal Antena 3 – os primeiros nove episódios alcançaram uma média de 2,7 milhões de espectadores (16,6% de share).

O último episódio, por sua vez, terá sido visto por um milhão e 800 mil pessoas, um número inferior ao esperado em horário nobre em Espanha. Para Sonia Martínez a explicação está na mudança dos hábitos de consumo em relação à televisão.

Agora, em Espanha, também há um salto de popularidade porque as pessoas estão a ver a série na Netflix e muitos quase nem sabiam que tinha sido transmitida na Antena 3.

«Agora, em Espanha, também há um salto de popularidade porque as pessoas estão a ver a série na Netflix e muitos quase nem sabiam que tinha sido transmitida na Antena 3. Possivelmente não vêm televisão generalista», frisou a diretora de conteúdos de ficção do canal.

Houve ainda uma adaptação em relação à serie original: originalmente a Casa de Papel tinha 15 capítulos de 70 minutos cada, tendo sido reduzida pela Netflix para 50 minutos. Desta forma, a primeira temporada foi composta por nove episódios em Espanha, sendo que passou a ter 13 na Netflix.

Investimento espanhol continua

Ao que parece a Netflix vai continuar a investir em séries espanholas. Elite poderá ser o próximo sucesso da plataforma de streaming, que vai contar com pelo menos três atores da Casa de Papel: Miguel Herrán, Jaime Lorente e María Pedraza.

A sinopse da série já está disponível: «quando três jovens provenientes da classe operária se inscrevem na escola mais elitista de Espanha, o conflito entre estudantes ricos e pobres conduz à tragédia».

Até ao momento sabe-se apenas que Elite vai estrear em 2019 e terá, na primeira temporada, oito episódios.