Durante quatro dias, a passagem da rainha Isabel II por Portugal mobilizou a população e mereceu a atenção pessoal de Salazar. Foi há sessenta anos.
A 17 de fevereiro de 1957, o avião onde viajava Isabel II aterrou no Montijo, sob o olhar atento de cerca de 150 jornalistas, fotógrafos e operadores de câmara. O marido, o duque de Edimburgo, tinha viajado no iate real Britannia, que estava atracado em Setúbal, e foi buscar a rainha ao aeroporto. Subiram a bordo, desembarcaram algum tempo depois (imagem em cima), e o programa oficial começou: até dia 21 o casal real iria passar por Lisboa, Alcobaça, Nazaré, Batalha e Porto. «Toda a gente pôde observar a felicidade estampada nos rostos de Filipe e Isabel», lia‑se no Diário de Notícias. Na altura, Isabel tinha apenas 31 anos e reinava há cinco.
O casal real foi recebido no Cais das Colunas, no Terreiro do Paço, pelo Presidente da República, Craveiro Lopes, e pelo Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar, que abriu os cordões à bolsa do Estado para que não faltasse nada ao momento. Seguiu‑se um cortejo pelas ruas de Lisboa num coche do século XVIII.
Vários momentos receberam destaque da imprensa nacional como o luxuoso banquete no Palácio da Ajuda, onde Craveiro Lopes exaltou a ligação entre Portugal e a Grã-Bretanha: «Num mundo em contínua mutação, a velha aliança de 600 anos entre os nossos dois países brilha como um exemplo de constância.
Que possa continuar a encorajar gerações vindouras», transcrevia o DN, no dia 19. O sucesso da visita poderá ter ajudado a aliviar a pressão internacional que Portugal sofria à época, especialmente nas Nações Unidas, onde a política colonial era constantemente posta em causa.