Qual o melhor desporto para cada doença?

Texto de Catarina Guerreiro | Fotografia de Shutterstock

Correr, andar, fazer musculação ou optar pela natação. A dúvida instala-se várias vezes na hora de escolher o desporto a praticar. A verdade é que hoje é consensual que todos devem fazer atividade física – não só as pessoas saudáveis mas também os doentes.

«Cada vez mais se percebe que a atividade física é muito importante para a doença», diz José Luís Themudo Barata, médico e professor da disciplina de Nutrição e Atividade Física do curso de Medicina da Universidade da Beira, na Covilhã – o único curso em que esta disciplina anual, dada no 4.º ano, é obrigatória.

«É uma vergonha que não haja mais médicos com conhecimentos para prescreverem exercício físico, tendo em conta que os benefícios mais do que comprovados», critica o médico José Luís Themudo Barata.

«É preciso que os médicos saibam mais sobre o assunto», alerta, dizendo que os profissionais têm de começar a prescrever atividade física e não apenas medicamentos. «É uma vergonha que não haja mais médicos com conhecimentos sobre o tema para poderem prescrever exercício físico, tendo em conta que os benefícios estão mais do que comprovados cientificamente», critica, dizendo que os profissionais que estão mais sensibilizados e que costumam falar sobre a questão com os doentes são os que praticaram algum tipo de atividade.

Em alguns centros de saúde, explica, já há profissionais a apostar em levar os doentes a praticarem algo que os faça mexer o corpo. O importante, diz Themudo Barata, é que toda a população faça qualquer atividade física, com mais ou menos intensidade. E que inclua aeróbia (como a marcha, bicicleta, corrida) e força (como a musculação). O desporto mais indicado para cada um, admite o médico, é sempre aquele de que «se gosta mais». Mas há uns que no final de contas são melhores para quem sofre de certas doenças. Descubra quais.

Asma – Natação

É perfeita para os asmáticos. Para quem sofre de asma, nadar é a atividade física mais adequada. E por uma razão simples, explica o médico: tira-se vantagens do meio aquático, o ar é quente e húmido e ajuda a reeducar a respiração. Quando nadam, os asmáticos têm de controlar a respiração, o que os ajuda mais tarde quando tiverem de a controlar durante as crises. Os asmáticos toleram melhor a atividade física neste tipo de ambiente. Já locais como as montanhas, onde se costuma fazer sky, são mais propícios a ataques de asma. A natação é, no entanto, dos desportos que menos emagrece.

Diabetes – Marcha

É uma das melhores opções para quem sofre de diabete tipo II. Isto porque os músculos, que são alvo da ação da insulina, quando ativados, respondem melhor. Assim, ao ajudar a insulina a fazer melhor o seu trabalho, baixam-se, consequentemente, os níveis de glicose no sangue. A grande maioria (90%) deste tipo de diabéticos, nota o especialista, resulta de excesso de peso. Por isso, é importante mexerem o corpo. A solução pode ser realizar uma marcha rápida e depois complementar com um exercício de pesos ligeiros. Certo é que quanto mais se trabalhar os músculos mais alta é a ação da insulina. Um grupo de médicos que elaborou um estudo que foi publicado na Revista Portuguesa de Endocrinologia garante mesmo que a atividade física é fundamental para atingir o controlo metabólico e reduzir o risco cardiovascular dos doentes com diabetes tipo II. No trabalho, que analisou o impacto do exercício nestes doentes, os especialistas lembram ainda que as organizações internacionais sugerem um mínimo de 150 minutos por semana de exercício aeróbico, complementados por um mínimo de duas sessões semanais de exercício com pesos.

Colesterol elevado – Corrida

É bom para o excesso e controlo de peso. É dos desportos que mais emagrece, garante o professor da disciplina de Nutrição e Atividade Física. Mas exige algum esforço pois há momentos em que o corpo não está apoiado em nenhum pé, o que pode ser complicado para quem tem problemas nas articulações. E quem tem alergias deve ter cuidado para não correr em locais com presença de pólen.

Obesidade infantil – Futebol

É uma das armas contra a obesidade infantil. É uma forma de colocar os mais novos a fazerem exercício com motivação, o que para eles é essencial. Segundo recomendações da Direção-Geral de Saúde, as crianças, adolescentes e jovens deviam fazer todos os dias pelo menos 60 minutos de atividade física com intensidade moderada.

Osteoporose – Musculação

É essencial para todas as doenças que têm a massa óssea comprometida ou diminuída, como, por exemplo, a osteoporose. Não se trata de treinos de halterofilismo, nota o médico, mas sim de exercícios adequados a cada pessoa. Esta atividade física de força é também importante nos casos de lombalgias, pois permite tonificar os músculos das costas e abdómen e criar uma cintura protetora. Não é aconselhável, pelo menos em excesso, para quem tem hipertensão pois esta é uma situação que pode piorar com força excessiva. Quem sofre de lombalgias deve ter também cuidado ao escolher desportos como o padel, pois normalmente este é um jogo feito num chão de cimento, o que não ajuda nesses casos, pois massacra as costas.

Coluna e equilíbrio – Ioga

Os exercícios de coordenação motora e equilíbrio, como o ioga, são essenciais para a prevenção das quedas nas pessoas com mais de 65 anos. São formas de aprenderem a lidar com este problema que afeta muitos idosos. Todos os anos, mais de um terço dos idosos caem e em 50% dos casos são situações recorrentes, provocando fraturas e outras lesões. Além do ioga e de outros desportos parecidos, há muitos exercícios que se podem fazer em casa. Aliás, o médico sugere alguns regularmente aos seus doentes. Um deles é o seguinte: sempre que atenderem o telefone devem ficar de pé, dobrar uma das pernas e colocar o calcanhar na altura do joelho da outra perna, fazendo a figura do número quatro.