Texto de Sara Dias Oliveira | Fotografia de Shutterstock
A diabetes, sobretudo a tipo 2, pode provocar doenças no coração e acidentes no cérebro. Os dados do Observatório Nacional da Diabetes não são brincadeira.
Segundo os mesmos, o risco de doenças cardiovasculares duplica nos diabéticos, que 30% dos internados por AVC sofre desta doença, e que cerca de 4300 pessoas com diabetes estiveram internadas por enfarte agudo do miocárdio e doenças macrovasculares em 2015.
A diabetes é um rastilho para as doenças cardiovasculares. Em Portugal, 13,3% da população tem diabetes, ou seja, mais de um milhão de portugueses.
«Existe uma estreita ligação entre doentes com hiperglicemia (açúcar alto) e a doença cardiovascular, em particular a doença das coronárias. Vários estudos demonstraram que os doentes diabéticos têm um risco de morte de causa vascular duas a três vezes superior ao da população sem diabetes», adianta Davide Carvalho, diretor de Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar de São João e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
A diabetes, em particular a diabetes tipo 2, constitui um dos maiores problemas de saúde do século XXI. Estima-se, aliás, que em 2030 cerca de 360 milhões de pessoas sejam afetadas pela doença.
«A diabetes mellitus é indiscutivelmente o maior fator de risco para o desenvolvimento de doença das coronárias e doença cerebrovascular. Estima-se que cerca de 75% das mortes na população diabética se deve à doença aterosclerótica, enquanto na população não diabética não ultrapassa os 30%. Esta doença acelera o curso natural da doença aterosclerótica em todos os grupos de doentes», sublinha o médico.
Diminuir os valores da pressão arterial, seguir uma dieta equilibrada, não fumar ou reduzir o tabagismo, aumentar a atividade física, são cuidados importantes para diminuir os graves riscos para a saúde.
Tudo indica que o aumento da prevalência desta doença esteja associado à obesidade, estilos de vida inadequados, maior longevidade da população. O que fazer?
«Além da terapêutica para reduzir a glicemia, a diabetes deve ser abordada numa perspetiva multifatorial conduzindo à diminuição dos valores da pressão arterial, ao controlo da dislipidemia, ao controlo da albuminúria, a uma dieta equilibrada, redução do tabagismo e aumento da atividade física», diz Davide Carvalho.
Há estudos que confirmam que 31% dos doentes com doença coronárias são diabéticos e estudos epidemiológicos demonstram que há uma associação entre diabetes e insuficiência cardíaca.
O controlo glicémico é fundamental para reduzir o risco de complicações, as insulinas são importantes e haverá desenvolvimentos nesta área, e há alguns fármacos que reduzem episódios cardiovasculares e a morte cardiovascular ao conseguirem diminuir a pressão arterial, o peso e o risco de hipoglicemias.
«As hipoglicemias e o ganho de peso agravam o risco cardiovascular e, por isso, devem ser evitados», diz Davide Carvalho.
«As hipoglicemias e o ganho de peso agravam o risco cardiovascular e, por isso, devem ser evitados», refere o médico. Pessoas com diabetes tipo 2 que tenham episódios de hipoglicemias graves têm um risco acrescido de morte. «O risco foi quatro vezes maior nos primeiros 15 dias após o evento e duas vezes e meia maior em qualquer momento após o episódio de hipoglicemia grave».