A maior desbocada da televisão e da internet enfrentou o mentalista número 1 em Portugal. Beatriz Gosta versus João Blümel traduz-se em debate sobre qual a melhor noite para sair: a do Porto ou a de Lisboa. A conversa resvalou para noites de sexo e cidade…
Beatriz Gosta é uma personagem, em todas as aceções da palavra. Fala com descaramento e um sotaque tripeiro cerrado. Convidámo-la a defender a noite do seu Porto e a rapper de Capicua vestiu a camisola. Do outro lado, um portuense convertido à noite lisboeta, o mentalista internacional João Blümel, figura sempre presente nos melhores bares da capital.
«Apesar de ter nascido no Porto, estou há muitos anos em Lisboa e tenho um amor incondicional pela noite da capital. Adoro!», declara João, para estranheza da famosa youtuber que pergunta por onde ele tem andado quando sai no Porto. A resposta «Tendinha dos Clérigos» vale-lhe um raspanete: «Pois. Aí, depois das quatro só se encontram desesperados a perguntar conheço-te de algum lado.» Blümel esclarece: «Saio mais à noite para estar com amigos e dançar. O meu roteiro é infalível. Começo na Bica, no Bicanela e Pai Tirano. Das duas às quatro já estou no Cais do Sodré, sobretudo no Sabotage e Vicking (se for segunda, o Tokyo). Depois, dou um pulo ao Incógnito e para after ataco o Fontória. Uma noite sempre a dançar!»
O roteiro para a noite de Beatriz Gosta passa pelo eixo Passos Manuel e Maus Hábitos, começando sempre a noite no café Olé. «Se quiser estar numa de azeiteira vou para o Eskada, subo a coluna para dançar e puxo o maior azeiteiro que estiver por ali. Seja como for, se quisermos uma noite hetero, recomendo o Plano B.»
Numa altura em que a noite do Porto, com a ascensão da Baixa, ganhou muitos créditos, Beatriz marca as diferenças entre as duas movidas: «Em Lisboa come-se mais gente, há mais a cena do engate. No Porto, saímos mais com os bros e não estamos necessariamente a fisgar ninguém. Em Lisboa, faturo mais porque tenho este sotaque, que para os damos lisboetas é exótico.» Do que não gosta, nem no Porto nem em Lisboa, é de gente especada a olhar para as suas tatuagens. De resto, depende das abordagens. E não faz cerimónia. «Se for preciso, mando o rapaz à merda e digo-lhe que é um toino!» Um Blümel perplexo acaba por concordar: «Sou muito sociável, gosto de conhecer pessoas na noite e nunca engatei ninguém no Porto.»
Quais os trunfos de cada cidade no que respeita a transgressão? Beatriz vota no Breyner 85, depois das oito da manhã enquanto o leitor de mentes segue para o Cais do Sodré e elege o Copenhague e o Jamaica, lamentando o seu eventual encerramento, bem como do Europa e do Tokyo. Para o final, o tópico favorito de Beatriz: o kit para a noite, que se tornou viral na internet. «Tenho de ter sempre lenços de papel, pois as casas de banho podem não ter papel higiénico; a calcinha; pasta e escova de dentes, pois posso dormir fora de casa e gosto de ter o bafo fresco; e o preservativo, claro.»
O mentalista é mais modesto: «Bastam-me umas pastilhas elásticas e óculos de sol. A noite invariavelmente termina e sinto-me protegido com eles.» À despedida, fica combinada uma saída no Porto, para abril.
JOÃO BLÜMEL
Aos 30 anos , este mentalista e entertainer é um fervoroso fã das noites longas do Cais de Sodré e de rock n’roll. Teve já uma rubrica do 5 para Meia-Noite, de Pedro Fernandes, na RTP, e fez atuações em nome próprio no São Jorge, Casino Estoril e Rivoli. A sua próxima atuação será no Sá da Bandeira (29 e 30 de abril).
BEATRIZ GOSTA
Marta Bateira criou esta personagem para o Youtube. Os vídeos sobre a sua vida de boémia na cidade do Porto tornaram-na famosa. Daí chegaram convites para festas, programas de TV (Esquadrão do Amor, no canal Q) e para apresentar galas (apresentou, ao lado de Fernando Alvim, os Prémios Novos). Para além de Beatriz, Marta é uma rapper que sobe sempre ao palco com Capicua. A personagem humorística vai ter em breve novos voos.