Dietas-relâmpago? Cuidado…

… E do fato de banho, das saias curtas e dos comportamentos alimentares potencialmente lesivos, que prometem perder muito peso em pouco tempo. Passe ao lado de dietas loucas: enfiar-se dentro de um biquíni não vale arriscar a saúde.

Um estudo da Faculdade de Motricidade Humana publicado este ano conclui que cerca de 40%
dos adultos portugueses (53% de mulheres e 35% dos homens) estão a tentar controlar o peso. E, para quem o tem em excesso, propor-se a perder algum é óptima política. O erro começa apenas quando se quer alcançar o objetivo em tempo recorde. Não há milagres. E um dos melhores pontos de partida é uma certa dose de ceticismo que passa, por exemplo, por desconfiar de uma dieta que promete perder quatro quilos por semana. Antes de embarcar em dietas loucas, tenha em mente algumas ideias claras.

CUIDADO COM O QUE COME
Se não come bem ou não come o suficiente, isso vai refletir-se na sua saúde. Dietas relâmpago (ou de choque, como são também chamadas) podem ter consequências tão sérias como o enfraquecimento do sistema imunitário, o aumento do risco de desidratação, sentir palpitações e mesmo aumentar os níveis de stress cardíaco. O problema é sério e um dos poucos estudos sobre o tema, conduzido pela Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, nos anos 1970, listou quase sessenta mortes entre adeptos de dietas líquidas, tendo associado os efeitos do défice de calorias ao mau funcionamento do coração.

O EFEITO IOIÔ
A grande diminuição de calorias ingeridas e uma restrição extrema de alimentos, em vez de uma reeducação alimentar, não conseguem ser mantidas durante muito tempo e, por norma, estão associadas a um descontrolo alimentar em seguida. Ou seja, são meio caminho andado para recuperar rapidamente o peso perdido após a dieta. Hoje, há vários estudos que defendem também que as dietas por fases (das mais restritivas às de manutenção) também não são a melhor opção. A aposta que deve ser feita por alguém que quer perder peso de forma saudável é a reeducação alimentar e a adoção de uma dieta que possam ser integrada nos hábitos alimentares a longo prazo.

MUDAR SIM, MAS COM APOIO
Reajustes alimentares no sentido de fazer uma alimentação mais saudável, que respeite as indicações da roda dos alimentos, podem e devem ser feitas em qualquer altura e sem especial necessidade de aconselhamento. No entanto, quem precisa de perder muito peso e pretende mudanças muito pronunciadas de reeducação alimentar e aporte calórico diário deve procurar ajuda especializada. Quem tem muito peso a mais não deve perder de vista que a reeducação alimentar deve ser supervisionada por um nutricionista ou dietista, sob pena de, caso contrário, ficar com deficiência de certos nutrientes.

PRUDÊNCIA COM OS PROGRAMAS DETOX
Suplementos e programas detox, desintoxicantes ou purgantes, devem ser alvo de atenções redobradas pelos riscos que podem comportar. Alguns destes programas passam por um consumo excessivo de chás, o que pode ter influência no sistema digestivo e urinário, além de, dependendo das doses de cafeína do chá, poderem causar perturbações do sono. Também o consumo de produtos detox, ainda que de venda livre, deve ser cuidadosamente avaliado. Uma dieta detox justifica-se apenas quando o nosso organismo não está a conseguir eliminar normalmente as toxinas que produz ou ingere. Para isso é necessário, em primeiro lugar, identificar as substâncias que não estão a ser corretamente eliminadas e, depois, fazer eventualmente uma dieta antioxidante ou desintoxicante que promova essa limpeza. Mas, mais uma vez, não sem apoio especializado.

EXERCÍCIO, MAS NÃO EXTREMO
Para quem não faz desporto de forma profissional, o American College of Sports Medicine e a American Heart Association recomendam cerca de trinta minutos diários de atividade física moderada cinco dias por semana ou, em alternativa, vinte minutos de treino mais intenso, três vezes por semana. E, neste caso, mais não é melhor. O descanso também é parte integrante do treino – e uma das mais importantes: o organismo precisa do repouso para que os efeitos do treino se façam sentir. Além disso, o treino em excesso (overtraining) pode provocar no organismo uma resposta de stress com sintomas negativos para o corpo – sendo as lesões musculares e esqueléticas as mais vulgares – e para a mente.

VONTADE DE COMER O MUNDO?
Tente perceber não só que comportamentos alimentares estão na base do seu excesso de peso, mas também o que o está a levar a ter esses comportamentos. A ingestão alimentar compulsiva, ou binge eating, é um padrão frequente que se caracteriza pela ingestão de alimentos como «compensação». O stress costuma estar na origem destes episódios durante os quais a pessoa ingere uma grande quantidade de comida, podendo mesmo ter dificuldade em parar. É um distúrbio mais frequente em mulheres e que costuma ocorrer tendencialmente ao final do dia com autênticos assaltos ao frigorífico e despensa. Pode ser um fator importante tanto para o ganho de peso como para o fracasso na tentativa de o perder.