LIFE Lupi Lynx: uma terra para lobos, linces e pessoas

Projeto visa a criação de condições socioecológicas que contribuam para a recuperação do lobo-ibérico e do lince-ibérico

Rewilding Portugal lidera projeto para criar condições socioecológicas que permitam coexistência pacífica a sul do Douro.

Não é apenas sobre o lobo e o lince que se centram as atenções do LIFE Lupi Lynx, o projeto liderado pela Rewilding Portugal, que este mês começa a dar os primeiros passos nos distritos da Guarda e de Castelo Branco e na província espanhola de Cáceres. O enfoque é também no ser humano. É preciso que todos consigam coexistir no mesmo território, a bem da preservação das espécies e da subsistência das populações.

O esforço une, para além da Rewilding Portugal, as portuguesas BIOPOLIS/CIBIO, Grupo Lobo, Plataforma de Ciência Aberta do Município de Figueira de Castelo Rodrigo e Universidade de Aveiro e as espanholas AMUS – Asociación de Accion por el Mundo Salvaje e Junta de Extremadura. Juntas (e graças a um financiamento de 3,5 milhões de euros) vão ao longo dos próximos cinco anos tentar criar condições socioecológicas que contribuam para a recuperação do lobo-ibérico e do lince-ibérico em 17 mil hectares a sul do rio Douro, uma área onde as duas espécies têm presença, ainda que irregular.

“É muito importante promover uma coexistência pacífica entre estas espécies e as comunidades locais”, defende Sara Aliácar da Rewilding Portugal. Para evitar conflitos, os ambientalistas vão avançar em duas frentes. Por um lado, trabalharão para restaurar habitats e aumentar a abundância de presas silvestres. Por outro, vão contactar atores locais (desde proprietários a organizações) e apoiar a edificação de vedações e cães para proteger gado. Entre as muitas ações contam-se, também, a promoção do turismo de natureza sustentável, sessões de educação ambiental e um esforço para prevenir crimes ambientais, pois ainda há quem coloque veneno, armadilhas e tente abater a tiro estas espécies, apesar de estarem ameaçadas.

“O que determina a capacidade de carga de um território em relação às espécies tem muito a ver com os recursos que existem para as sustentar, nomeadamente refúgio, presas silvestres para se alimentarem, áreas para se reproduzirem e a aceitação social. Daí que o projeto tenha um foco na parte ecológica, mas também na parte social, para que haja aceitação das pessoas, que têm de estar dispostas a coexistir com as espécies silvestres”, sublinha Sara Aliácar.

Esta iniciativa dá continuidade ao trabalho desenvolvido no projeto LIFE WolFlux, a concluir este ano.