A sintonia sexual pode aumentar com o tempo

(Foto: Freepik)

O "Consultório de sexualidade" desta semana, por Mafalda Cruz.

Tenho 67 anos e estou casada há quase 40 anos. Apesar de algumas limitações que a idade nos traz, temos notado que as relações sexuais sabem cada vez melhor. Será possível que o sexo melhore com a idade? Como se explica isso?
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É verdade, é possível (e ainda bem que assim é!). Apesar de não existirem grandes estudos científicos nesta área (pois a população acima dos 65 anos é frequentemente sub-representada nos estudos sobre sexualidade), existem diversos relatos de que a idade aqui pode ser uma grande vantagem. Vamos perceber melhor porquê.

A resposta sexual altera-se com o avançar da idade. O desejo sexual varia, a capacidade de excitação fica diferente e até o orgasmo muda. Existem vários fatores que influenciam a sexualidade à medida que envelhecemos: a nossa condição física, o estado de saúde geral, a forma como encaramos o envelhecimento, a qualidade da relação em que estamos, eventuais problemas económicos e a atitude que temos em relação ao sexo.

Não havendo nenhum problema de saúde, há várias condicionantes que podem efetivamente fazer com que o sexo saiba melhor com o avançar da idade.

Por exemplo, a maturidade que a idade nos dá e o facto de conhecermos o nosso corpo melhor do que nunca, torna-nos mais confortáveis em expressar os nossos desejos, há uma maior aceitação daquilo que corre menos bem e uma maior noção do que se gosta e não se gosta. Por outro lado, após a menopausa elimina-se a possibilidade de uma gravidez, o que leva à diminuição da ansiedade em torno deste tema. Outro fator importante é o facto de se ter mais disponibilidade em termos de tempo (espera-se), por se ter abandonado a correria de um dia de trabalho e pela saída dos filhos. Isto poderá fazer com que o casal se reorganize, se reencontre e tenha mais tempo de qualidade. Em alguns casos, esta fase da vida coincide com uma fase em que os casais comunicam melhor, compreendem-se e articulam-se em sintonia. Esta conexão mais profunda pode levar a um sexo mais íntimo e prazeroso. Por fim, a regra de ouro: menos pressão e mais prazer. Desistimos de tentar estar de acordo com aquilo que é suposto socialmente e de ter sexo com determinada frequência, só porque sim. Nesta fase há uma maior aceitação daquilo que é óbvio: quantidade não é qualidade.

*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, Jardinagem, Saúde, Finanças Pessoais, Sustentabilidade e Sexualidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].