Uma Jornada Mundial da Juventude onde couberam “todos, todos, todos”

O presidente da República afirmou que a JMJ foi “um grande sucesso para Portugal lá fora”

Esta é a Igreja (sem portas) que o Papa Francisco pede. Cinco dias em Portugal, uma agenda carregada. Muitas polémicas depois, a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa foi um “sucesso”. O maior evento alguma vez realizado no nosso país. Eis o resumo - e o balanço.

As mensagens de Francisco
Durante os cinco dias em Portugal, o Papa Francisco fez oito discursos e duas homilias para milhares de jovens. Falou quase sempre de improviso, até pela dificuldade que assumiu ter em ler. Apelou à paz e ao fim da guerra na Ucrânia, abordou o escândalo dos abusos num pedido claro para se ouvir o “grito angustiado das vítimas”, tocou temas incómodos como o da comunidade LGBT com a garantia repetida de que “na Igreja há lugar para todos, todos, todos” – um recado também para dentro. Falou aos jovens sobre as redes sociais e a ditadura da perfeição. E deixou críticas à eutanásia, ao aborto e a uma sociedade que abandona idosos.

As visitas: do Bairro Serafina a Fátima
Entre a agenda carregada de visitas, os pontos altos. O Sumo Pontífice reuniu-se, na Nunciatura, com 13 vítimas de abusos sexuais na Igreja portuguesa, a quem pediu perdão. E considerou que o processo em Portugal está no bom caminho. Ainda visitou o Bairro da Serafina, em Lisboa, onde se encontrou com associações para falar sobre a pobreza. E passou pelo Santuário de Fátima, onde esteve perante 200 mil pessoas.

1,5 milhões
de peregrinos, segundo a Santa Sé, estiveram em Lisboa a participar na Jornada Mundial da Juventude.

“Esta é a quarta JMJ em que estive. Das que vi, esta foi a mais bem organizada”
Papa Francisco

Balanços positivos (só falta o económico)
O presidente da República afirmou que a JMJ foi “um grande sucesso para Portugal lá fora” e realçou a “mobilização muito grande de todo o país”. Também o primeiro-ministro destacou o impacto “imaterial” da JMJ e a “extraordinária capacidade” de Portugal em organizar eventos como este. Mas remeteu para mais tarde o balanço económico. Sobre as contas, D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, promete apresentar os valores “ao cêntimo”. De lembrar que os gastos, nomeadamente com o altar-palco, que custou 2,9 milhões (chegou a estar avaliado em 4,2 milhões antes da polémica que motivou cortes), foram tema controverso na sociedade portuguesa.

O legado do investimento
O Parque Tejo, entre o Parque das Nações, em Lisboa, e a zona oriental de Loures, onde se realizou parte da JMJ, é talvez o legado mais palpável. Foi preparado e limpo para receber o evento, agora irá sofrer uma intervenção para se tornar num parque urbano, projeto que deve ficar concluído no verão de 2024. O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, sublinhou que estes “34 hectares vão estar abertos para as pessoas” e que o altar-palco vai ter utilização no futuro para eventos. Também o presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, destacou o parque verde “onde anteriormente estavam contentores”, e agora uma frente ribeirinha requalificada, “um ganho importantíssimo”.