Tiago entrou para o atendimento ao cliente da IKEA há 14 anos, em Matosinhos. Hoje é assistente executivo, na Suécia. Fala de aprendizagem, mais do que de dificuldades.
Se conseguíssemos recuar 15 anos, encontraríamos um jovem Tiago Jesus a frequentar o curso de Engenharia Civil. Sem planos de sair do país (a não ser o comum sonho entre universitários de conseguir fazer um programa de intercâmbio por uns meses), sem saber bem o que seria o futuro. Mas a história do portuense com a IKEA, a cadeia sueca de mobiliário começa exatamente aí. “Decidi que queria fazer um part-time enquanto estudava, porque sabia que isso me iria dar ferramentas importantes.” Na verdade deu-lhe mais do que ferramentas. Deu-lhe todo um futuro.
“Acho que é um sentimento comum na IKEA: foi amor à primeira vista.” E esta história de amor perdurou. Tiago Jesus entrou na loja de Matosinhos como funcionário no atendimento ao cliente. Fazia apenas fins de semana. Hoje, 14 anos volvidos, é assistente executivo da direção. Na Suécia, na “casa” da empresa. Tiago conta outros desafios que lhe foram sendo propostos ao longo dos anos. Depois de diversos cargos na área de relações com o cliente, fez parte da abertura da loja de Braga. “Esse foi um momento desafiante e gratificante, por poder ter feito parte de algo que começou do zero.” E foi em Braga, também depois de passar por diferentes cargos de chefia, que chegou a inesperada proposta: “É uma possibilidade ir para a Suécia?”.
Tiago Jesus recorda que, na juventude, ainda durante o tal curso de Engenharia Civil – “que acabei por nunca exercer e, na verdade, com o qual, percebi, não me identificava” – tinha o “bichinho” de fazer um intercâmbio. O conhecido Erasmus. “Nunca aconteceu, por isso foi agora em adulto que tive o meu ‘Erasmus’”, afirma entre risos. Mas nesta espécie de “Erasmus” para adultos, como descreve, não há data de regresso. “Foi a primeira vez que comprei um bilhete de avião apenas de ida. Foi assustador.”
A emoção própria de uma mudança, ainda por cima a primeira vez que moraria fora do país, somava-se ao tempo incerto que era vivido: a oportunidade surgiu no momento de início da pandemia de covid-19, por isso, conta, “os primeiros tempos foram estranhos”. Não teve uma adaptação presencial ao novo cargo e posto de trabalho, as máscaras pautavam o dia a dia, as novas amizades tinham de ser adiadas (ou relegadas ao digital). “Mas o espírito IKEA, que lá é ainda mais forte, ajudou a que me sentisse integrado.”
Sobre o dia a dia, Tiago diz gostar da flexibilidade do novo cargo e da qualidade de vida da Suécia. “Sinto que em Portugal vivia para o trabalho. Aqui comecei a ter tanto tempo livre que não sabia o que fazer com ele, por isso aprendi a ter novos hobbies.” Na lista de adaptações há também a notar o pão, a forma de deslocação ou o tratamento aos animais. “É tudo Europa e tendemos a achar que a diferença cultural não é muita, mas são os pequenos detalhes que mais fazem a diferença.” E são também esses detalhes que fazem “abrir horizontes”, ainda que, na IKEA e para o próprio Tiago, tolerância seja a palavra de ordem. “Há sempre algo a aprender”, diz.
O futuro, como Tiago já aprendeu, está em aberto, pois até final do ano há um desafio novo para agarrar – e uma viagem de “casa às costas” para voltar a fazer, desta vez para a Dinamarca.
Tiago Jesus
Localização: Malmö, Suécia 55° 35’ N 13° 02’ E (GMT )
Profissão: assistente executivo
Idade: 33 anos
