Sexónia: parassónia seguida de esquecimento

(Foto: Freepik)

O "Consultório de sexualidade" desta semana, por Mafalda Cruz.

O que se sabe sobre a sexónia e o que fazer para a controlar?
Eliana F., pergunta recebida por email.

A Sexónia (também descrita como sonambulismo sexual) trata-se de um tipo de parassónia, ou seja, um evento anormal que ocorre durante o sono. Neste caso, o indivíduo inicia comportamentos sexuais enquanto dorme e, muito provavelmente, não se irá lembrar deles depois de acordar. Estes comportamentos ocorrem tipicamente nas primeiras horas do sono (nas fases de sono não-REM – Rapid Eye Movement) e podem surgir várias vezes na mesma noite. É provável que nunca tenha ouvido falar desta condição pois estão descritos apenas alguns casos na literatura científica. Ainda assim, é possível retirar algumas conclusões: ocorre mais frequentemente em jovens adultos do sexo masculino e geralmente coexiste com outras parassónias (por exemplo o sonambulismo ou terrores noturnos). Existem também outras condições ou estilos de vida que podem precipitar a ocorrência deste distúrbio e que estão associados à má qualidade e fragmentação do sono. As manifestações mais comuns da sexónia são a masturbação, o toque nos genitais da pessoa com quem se dorme ou a tentativa de iniciar uma relação sexual durante o sono.

A sexónia poderá trazer várias consequências a nível físico, psicológico, interpessoal, laboral ou jurídico, podendo também ser classificada como uma disfunção sexual.

Não existe tratamento específico para esta patologia, sendo extremamente importante o controlo dos seus fatores de risco e fatores precipitantes por forma a evitar danos para o próprio ou para terceiros, eventualmente com implicações legais. O tratamento não farmacológico passa pela adoção de uma boa higiene de sono e evicção de situações que possam provocar a sua fragmentação como o ruído ou o meio ambiente envolvente. O controlo de outras patologias do sono concomitantes, como a apneia do sono, é extremamente importante para a resolução da sexónia. Por último, o tratamento farmacológico poderá ser utilizado em casos persistentes e disruptivos para o funcionamento do indivíduo e das suas relações interpessoais.

*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, Jardinagem, Saúde, Finanças Pessoais, Sustentabilidade e Sexualidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].