“Serviço de Incêndios de Lisboa”: o primeiro corpo de bombeiros do país

A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana recorda a criação do “Serviço de Incêndios de Lisboa”, por decreto de D. João I.

O Mundo foi evoluindo e Portugal com ele, ainda que ao seu ritmo, o que em muitos casos significa lentamente. A densidade das construções foi-se assim aprimorando. Melhores materiais, mais resistentes, mas também mais infamáveis. Mas esse novo mundo não andava propriamente de mãos dadas com o a melhoria de outros sistemas.

Em Lisboa, por exemplo, a água potável nas habitações não abundou cedo. O circuito de distribuição foi, durante muito tempo, deficiente, a rede de comunicação para sinalizar os “acidentes” praticamente inexistente, o erário municipal magro. Ainda assim, a 23 de agosto de 1395, por decreto de D. João I foi criado o “Serviço de Incêndios de Lisboa”, uma espécie de primeiro corpo de bombeiros do país. A eles lhe foi ordenado que “em caso que se algum fogo levanta-se (sic), o que Deus não queria, que todos os carpinteiros e calafates venham àquele lugar, cada um com seu machado, para haverem de atalhar o dito fogo. E que outros sim todas as mulheres que ao dito fogo acudirem, tragam cada uma seu cântaro ou pote para acarretar água para apagar o dito fogo”.

No Porto, os Serviços de Incêndio funcionaram desde o século XV. A Câmara, na reunião de 14 de julho de 1513, decidiu “eleger diversos cidadãos para fiscalizar se os restantes moradores da cidade apagavam o lume das cozinhas à hora indicada pelo sino da noite”.

Mas só no reinado de D. João IV, por volta de 1646, se tentou introduzir em Lisboa o sistema usado em Paris, tendo o Senado aprovado a aquisição de diverso material e equipamentos e concedendo prerrogativas a nível de remunerações e de habitações.

Ao longo dos anos, é notória a capacidade de reforma dos seus quartéis e equipamentos. Lamentavelmente essa evolução contrasta com a ausência de políticas territoriais e com o abandono do Interior, que todos os anos põem o país a arder.