Recolher amostras de ADN ambiental em situações extremas

Pedro André Silva, Carlos Almeida, Paula Lima, Francisco Carneiro, José Almeida, Alfredo Martins, investigadores do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do INESC TEC e docentes do ISEP

O biosampler foi desenvolvido no Centro de Robótica do INESC TEC e tem colaborado com outras investigações, que já o levaram ao Ártico.

Recolher amostras em ambientes extremos fica mais fácil com o eDNA autonomous biosampler, desenvolvido pela equipa de Paula Lima no Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), em colaboração com o CIIMAR. Em agosto, o protótipo foi acoplado a um robô e testado no Ártico. Não faltam interessados em usar o sistema.

Este biosampler é resultado do trabalho do centro de robótica para desenvolver “sistemas de amostragem e coleta de dados biológicos marinhos de forma autónoma, em particular eDNA (ADN ambiental)”, conta Paula Lima, explicando que o protótipo tem vindo a evoluir conforme os projetos com que colabora.

Recentemente, no âmbito do Connect2oceans e MicroArtic, o biosampler viajou até ao Ártico, onde foi acoplado a um pequeno ROV, um robô que pode ser operado remotamente, também desenvolvido no centro de robótica. Aí atuou num ambiente extremo, descendo a 90 metros de profundidade em água a quatro graus Celsius.

Este sistema facilita a tarefa dos biólogos que, tradicionalmente, fazem a amostragem de eDNA de forma manual, recolhendo 10 litros de água com uma garrafa de Niskin para posteriormente filtrarem em laboratório. Com o biosampler, porém, a filtragem é feita no local e a amostra reduzida a alguns centilitros. Tudo é feito de forma autónoma, o que reduz custos de operação.

A equipa pretende continuar a desenvolver o biosampler, que foi concebido inicialmente para ambientes inócuos, de forma a resistir a “temperaturas mais baixas e a maior profundidade”, adianta Paula Lima. Será uma mais-valia para os trabalhos que decorrem no Ártico, onde os biólogos têm de recolher amostras a 300 metros de profundidade e não podem ainda contar com o biosampler, pois o sistema não suporta essas condições.

O biosampler tem vindo a ser melhorado noutros projetos, nomeadamente o eDNAuto, financiado pela Agência Ambiental Norueguesa com parceiros internacionais, e outro com a instituição belga ILVO.

Atualmente a tecnologia está a ser patenteada e já há “bastantes empresas e institutos a nível internacional interessados no sistema”, assegura Paula Lima, que vai apresentar a tecnologia inovadora nas Diving Talks, um evento do Portugal Dive que acontece de 6 a 8 de outubro, em Lisboa.