O objeto escolhido pela pasteleira Margarita Pugovka.
“Não sei bem se foi a minha gulosice ou o encanto pela exatidão e metodologia que me levaram a ser pasteleira. Numa cozinha profissional, a organização é a palavra de ordem. Uma orquestra afinada e em sintonia em todas as suas frentes. É poético e mágico. Existe uma série de utensílios considerados imprescindíveis para a sinfonia em questão. No caso dos cozinheiros, seriam, provavelmente, as suas sagradas facas. Para os pasteleiros essa definição é muito mais ampla e pessoal. Varas, pinças, colheres de vários diâmetros, enfim.
Ainda assim, para mim, a melhor descoberta de uma cozinha profissional foi a humilde espátula. Uma espátula igual a esta foi a primeira que comprei, enquanto estudava em San Sebastian, no início do meu percurso nesta área. Acompanhou-me ao longo de vários estágios, aprendizagens, fracassos e vitórias. Infelizmente, acabou por partir ao fim de vários anos comigo. Fiz um momento de silêncio pela minha companheira de viagem e acabei por dignificar a sua memória com uma sósia de substituição. Ainda que saiba que não é a tal, traz-me conforto. Porque, acima de tudo, certos objetos são como sobremesas ou pratos – têm a capacidade de nos transportar a momentos especiais das nossas vidas.”
Pasteleira
28 anos
