Susana Romana

Moedas, Salgado, Trump e o cumprimento de Marcelo ao Papa

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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A JMJ está hoje no seu derradeiro dia. Espero que Marcelo seja delicado com o Papa nas despedidas, já que quando ele chegou deu-lhe uns abanões que até se ouviu a osteoporose a chocalhar.

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Moro muito perto dos recintos de alguns eventos da Jornada, pelo que estou em condições de fazer o relatório de impacto nos negócios locais. Supermercados cheios (e coitadinha da Sonae, se ela precisava dos lucros!), cafés a baterem os recordes de copos de água da torneira e de pedidos para ir fazer xixi à pala. Acho que não é desta que entramos no G7.

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345 mil peregrinos adquiriram um bilhete com alimentação incluída, mas a maioria dos estabelecimentos de restauração aderentes são cadeias internacionais de fast food. Pelos vistos o Corpo de Cristo, apesar dos seus abdominais impecáveis, é um Big Mac.

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O memorial às vítimas dos abusos sexuais na Igreja, cuja inauguração chegou a estar prevista para esta semana, foi adiado para data incerta. Já que os representantes da Jornada acharam tanta graça ao tapete do Bordalo II, podem aproveitar e encomendar-lhe qualquer coisa. Ou faz o Moedas em plasticina, pronto

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Moedas que continua a insistir que o famigerado altar-palco “vai ser muito utilizado” daqui para a frente. Se calhar é melhor marcar já para lá 47 concertos do António Zambujo e do Miguel Araújo, a ver se alguém lhe dá razão.

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No dia da chegada do Papa foram afixados três cartazes que denunciavam os abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal. A iniciativa partiu de um grupo de cidadãos que quer “dar voz às vítimas”. O Papa ainda perguntou a Marcelo o que se passava, mas o presidente disse ao Sumo Pontífice que a sua prioridade devia ser ter cuidado com o moscatel.

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Por falar em milagres: Ricardo Salgado vai mesmo ser julgado pelos 65 crimes de que estava acusado, de acordo com a decisão instrutória. Espero que aguarde calmamente pelo julgamento e não se ponha a fugir para a África do Sul. Acaba mal para os banqueiros.

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Nem os recentes casos com a Justiça impedem Donald Trump de ser o grande favorito a receber a nomeação republicana para a corrida à Casa Branca em 2024, com sondagens cada vez mais avassaladoras. É caso para dizer: “Quanto mais bates na democracia, mais eu gosto de ti”.

[Artigo publicado originalmente na edição do dia 7 de agosto – número 1628 – da “Notícias Magazine”]