Embalagens descartáveis feitas de casca de laranja

A casca de laranja é rica em amido, celulose e pectina, particularidades que a tornam num ótimo agente aglutinante

Equipa de investigadores da Universidade da Beira Interior está a trabalhar em novo material, com características antibacterianas e antivíricas.

Um grupo de investigadores da Universidade da Beira Interior (UBI) desenvolveu um novo material para embalagens biodegradáveis compostáveis a partir da casca das laranjas. O trabalho de Martim Aguiar e restantes colegas foi distinguido num concurso, o Congresso Internacional S4Agro.

A ideia surgiu depois de os investigadores terem sido alertados para o concurso, que desafiava para o desenvolvimento de novos produtos sustentáveis. Estavam reunidos quando olharam pela janela e, ao verem laranjeiras, decidiram aproveitar as características do seu fruto.

Martim Aguiar, na foto, João Faria e Daniel Cardoso foram distinguidos num concurso do Congresso Internacional S4Agro

Rica em amido, celulose e pectina, particularidades que a tornam num ótimo agente aglutinante, a casca de laranja contém também limoneno, um agente natural que inibe o desenvolvimento de micróbios, fungos e vírus.

Aproveitando estes atributos, os investigadores desenvolveram protótipos de um copo e uma embalagem que são “biodegradáveis e compostáveis, através de um processo simples e económico, que utiliza a casca de laranja”, revela Martim Aguiar.

“Numa primeira versão, em que usamos 100 por cento de casca de laranja sem nenhum aditivo, temos uma embalagem rígida, mas podemos acrescentar outros subprodutos para lhe dar flexibilidade”, explica o investigador, sublinhando que tudo tem de ser depois submetido a testes e ensaios. As melhores aplicações para o novo material poderão passar por “embalagens descartáveis de takeaway ou para transportar alimentos secos”, avalia o investigador, especificando que “dentro de água, ao fim de um dia, o material está desfeito, não acumulando resíduos tóxicos para o ambiente”.

Atualmente, os investigadores estão a planear submeter um projeto para poderem aprofundar a ideia, estudar as capacidades do material e processos de produção em grande escala (para os protótipos imprimiram moldes em 3D e fizeram uma polpa com a casca de laranja). Têm, também, as portas abertas a investidores que tenham interesse em desenvolver esta tecnologia.

Para além de Martim Aguiar, da equipa da UBI fazem parte, ainda, João Faria e Daniel Cardoso.