Governo volta a mexer no imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP), mas, na prática, poupança é irrisória. Procura crescente e redução da produção ajudam a explicar escalada do preço dos combustíveis desde o início do ano.
O anúncio
O Governo comunicou na última segunda-feira uma redução da carga fiscal dos combustíveis, mais concretamente com devolução da receita adicional do IVA por via do ISP. O desconto neste imposto está agora nos 15,1 cêntimos por litro no gasóleo e nos 16,3 cêntimos por litro na gasolina, mas, na prática, a medida traduziu-se apenas numa redução de dois cêntimos no primeiro caso e de um no segundo.
0,26€/Litro
é a subida registada no preço da gasolina, desde o início deste ano. No caso do gasóleo, o aumento é de 17 cêntimos/litro.
8.º
lugar é a posição que Portugal ocupa na listagem dos 27 Estados-membros da União Europeia com os preços da gasolina mais altos. No gasóleo, o preço nacional segue na décima posição.*
“Poderíamos estar a reduzir a todos os portugueses entre 10 e 13 cêntimos no máximo, em cada litro abastecido”
Hugo Carneiro
Deputado do PSD, quando, na passada semana, os sociais-democratas propuseram a criação de um mecanismo automático de revisão semanal do ISP em função das receitas do IVA
As explicações
Os preços dos combustíveis continuam a crescer à boleia do aumento do preço do petróleo, subida que se explica não só com um aumento da procura (o consumo continua a bater recordes), mas sobretudo com as restrições na oferta – Arábia Saudita e Rússia decidiram prolongar até ao final do ano os limites de produção que já tinham implementado e Moscovo proibiu mesmo as exportações dos combustíveis.
8%
é o aumento acumulado nos primeiros oito meses de 2023, face ao período homólogo, do consumo de combustíveis rodoviários em Portugal. Trata-se de um recorde na última década.
*Dados do Weekly Oil Bulletin de 18 de setembro
