A história de uma família que se escreve em cada garrafa

Produzido por Brandstory Notícias Magazine

Responsável por levar os vinhos portugueses às bocas do mundo, há uma casa na região de Palmela que é um negócio familiar de natureza matriarcal, há mais de cem anos a ser gerido a pulso firme por mulheres. E agora quer mostrar a sua história e os segredos dos seus vinhos aos turistas.

 

Aos 38 anos, Leonor Freitas teve de tomar uma decisão que lhe mudaria a vida para sempre. Depois da morte repentina e prematura do pai, Manuel João de Freitas Jr., Leonor deparou-se com dois caminhos: ou abandonava a sua carreira na área da saúde, ou vendia o negócio que gerações da sua família tanto trabalharam para construir.
Optar por um rumo não impactaria apenas a sua vida, mas também as que vieram antes de si. Tudo começou em 1920, com Leonilde Freitas e uma adega na região de Palmela, na Península de Setúbal. Essa adega passou depois para as mãos da filha, Germana de Freitas, e mais tarde ainda para o filho Manuel João de Freitas Jr. e para Ermelinda, sua esposa.
Mas a morte do então gerente não significou a morte do negócio. “Eu, que não tinha pensado vir para o mundo rural, decidi vir para a Casa Ermelinda Freitas ver se conseguia não ter de vender e dar continuidade a todo o esforço que tinha sido feito pela mesma. Todo o trabalho, amor e dedicação”, confessa Leonor Freitas, atual sócia-gerente da empresa.

Se quiser conhecer a fundo as singularidades deste negócio e das suas marcas, a Casa Ermelinda Freitas está aberta ao enoturismo

Além de uma enorme variedade de castas, a empresa tem a vantagem de “possuir vinhas velhas” e “vinhas de castas raras e únicas em Portugal”, afirma Leonor Freitas. Carménère, por exemplo “é uma casta de origem chilena que se tem dado muito bem nos terrenos arenosos da Península de Setúbal e que tem deslumbrado e fidelizado os nossos consumidores”, refere.

Mais do que uma empresa, um negócio familiar
Desta forma, a Casa Ermelinda Freitas produz 20 milhões de litros de vinho e um número superior a oito milhões de garrafas por ano, sendo que mais de 35% da produção é destinada à exportação. Do Reino Unido aos Estados Unidos da América, da China à Dinamarca, é seguro dizer que as garrafas da casa viajam um pouco por todo o globo.
A qualidade fora do comum dos vinhos já mereceu à empresa mais de 1.000 distinções nacionais e internacionais ao longo dos anos, incluindo a de melhor vinho tinto do mundo para o Syrah 2005, atribuído na competição “Vinalies Internationales 2008”. Mas apesar de os prémios serem importantes reconhecimentos do bom trabalho que é feito ano após ano por todos os colaboradores, não são o ingrediente mais importante nesta receita de sucesso.
Com um nome que é homenagem à mãe de Leonor Freitas, que guiou o negócio com a filha depois de enviuvar, a Casa Ermelinda Freitas não se destaca apenas por estar a transformar a forma como se pensa (e se prova) o vinho. Mais do que tudo o resto, é um negócio familiar guiado por gerações de mulheres fortes. Foi-o nas mãos de Leonilde, Germana e Ermelinda. É-o nas mãos de Leonor. E continuará a sê-lo quando as mãos de Joana herdarem o trabalho da sua mãe.

Um futuro virado para o enoturismo
Se quiser conhecer a fundo as singularidades deste negócio e das suas marcas, a Casa Ermelinda Freitas está aberta ao enoturismo. Os visitantes podem assim entrar na propriedade, em Fernando Pó, e descobrir factos que até então desconheciam sobre os seus vinhos de eleição.
Além de uma visita ao centro de vinificação, onde acontecem todas as fases de produção dos vinhos, esta experiência engloba uma viagem ao passado para compreender antigos processos de vinificação através de instrumentos agrícolas, lagares e documentos vários ligados às tradicionais vindimas.

Os visitantes podem assim entrar na propriedade, em Fernando Pó, e descobrir factos que até então desconheciam sobre os seus vinhos de eleição

Outro ponto a não perder nesta visita é a Sala de Ouro, onde estão os prémios que os vinhos da empresa arrecadaram ao longo dos anos. E, claro, nenhum visitante se pode ir embora sem passear na vinha pedagógica e ver de perto as castas plantadas.
Por fim, a propriedade presenteia-o com o “Espaço de Memórias e Afetos”, a antiga adega que agora abre as portas do legado familiar. Aqui, as paredes contam os momentos mais marcantes do negócio, desde a venda do vinho a granel e sem rótulo ao lançamento da primeira marca, em 1997.
E, à medida que se percorre a história da família, as palavras de Leonor Freitas fazem ainda mais sentido: “O meu sucesso está relacionado com as gerações que trabalharam antes de mim, com a minha família, com a equipa que tenho, com a região e, por fim, com os consumidores. É para eles que a casa vive.”