Rímel: proteção divina, farta vida sexual e outras histórias

(Foto: Karolina Grabowska/Pexels)

A primeira versão do rímel nasceu no Egito. Mas foram precisos um perfumista, um químico e uma cosmetóloga para lhe dar a forma atual.

Nem realçar as pestanas, nem aumentá-las. A real finalidade da versão primitiva do rímel passava por proteger os olhos dos espíritos malignos. Assim era no Antigo Egito, largos anos antes de Cristo, num tempo em que o hábito de adornar as pestanas estava longe de ser coisa de mulher. Dada a sua aura de proteção divina, todos o faziam.

Inicialmente, este “rímel” não passava de uma mistura de pós com graxa preta que foi sendo aperfeiçoada com o tempo, até se transformar numa mistura de gordura e minerais hoje conhecida por kajal (e ainda muito famosa no Médio Oriente).

Na Roma Antiga, no entanto, o conceito sofreria uma mudança radical. O escurecimento das pestanas passou a ser conotado com uma vida sexual muito ativa e as mulheres passaram então a apostar em misturas de minerais incolores.

A conotação duvidosa prolongar-se-ia até à Idade Média, época em que a maquilhagem chegou a ser proibida pela Igreja. Escusado será dizer que nem essa ação castradora bastou para eclipsar o fascínio das pestanas vivaças.

Há ainda que mencionar três momentos que ficaram para a História: em 1834, o perfumista francês Eugène Rimmel aprimorou as técnicas anteriores e criou uma massa preta concentrada para tingir os fios brancos que apareciam com a idade, numa versão (na imagem) mais próxima da atual; em 1917, o químico T. L. Williams desenvolveu, a pedido da irmã, Maybel, uma mistura de vaselina e pó de carvão que tornou o produto bem mais fácil de usar (fez tanto sucesso que começou a vendê-lo pelos correios, nascendo assim a Maybelline); em 1957, a empresária e cosmetóloga polaca Helena Rubinstein deu o toque final transformando-o em algo mais líquido. E não menos importante: acrescentando-lhe um pincel.