Quarenta e sete anos depois, o CDS-PP perde a representação parlamentar

António Pires de Lima, ex-dirigente do CDS (Foto: Octavio Passos/Global Imagens)

O CDS-PP teve no dia 30 de janeiro o pior resultado de sempre em eleições legislativas, perdendo pela primeira vez a representação parlamentar. Os vaticínios do fim do partido, os constrangimentos financeiros e os vislumbres do futuro.

Um histórico que cai
Criado no rescaldo do 25 de Abril, em julho de 1974, o CDS-PP, partido conservador inspirado pela democracia cristã, é um dos fundadores da democracia portuguesa. Chegou a ter 42 deputados na Assembleia da República.

Chicão sai, Nuno Melo reaparece
Face aos resultados catastróficos do último domingo (1,61%, o que equivale a menos de 90 mil votos), Francisco Rodrigues dos Santos, até aqui presidente do partido, apresentou a demissão. O eurodeputado Nuno Melo mostrou-se disponível para assumir a liderança.

“O CDS morreu ontem e vai fazer muita falta à democracia portuguesa”
António Pires de Lima
Ex-dirigente do CDS, na segunda-feira

Contas duras de roer
A situação financeira do partido é um bico de obra. Em 2019, quando Assunção Cristas deixou a liderança do CDS, a dívida rondava os 1,2 milhões de euros. Em 2020, já com Chicão, os ativos aumentaram em cerca de 700 mil euros e o ano até fechou com resultado positivo de 244 mil euros. Mas o passivo aumentou mais 100 mil euros. Dificuldades que prometem agravar-se nos próximos quatro anos.

60%
A quebra que a subvenção mensal do CDS irá sofrer, devido à queda eleitoral. Os centristas passam a receber 20 mil euros por mês, face aos 50 mil auferidos na última legislatura.