Projeto Walk ID. Vestir as bengalas para reduzir o estigma social dos idosos

Os protótipos foram concretizados com a ajuda de uma impressora 3D

Projeto Walk ID surgiu durante o doutoramento de Yago Rodrigues. Foi distinguido no concurso de Boas Práticas de Envelhecimento Ativo e Saudável da região Centro.

A ideia do projeto Walk ID, desenvolvido por Yago Rodrigues, um brasileiro que fez doutoramento na Universidade de Aveiro, é quebrar estigmas associados à velhice, através de capas personalizadas para as bengalas. Podem ter diferentes cores, transmitir sensualidade ou serem divertidas e não devem anular a individualidade de quem as usa.

No início, Yago Rodrigues pensou debruçar-se sobre a funcionalidade destes objetos de auxílio à marcha, mas acabou por perceber que os idosos não questionavam a funcionalidade. Já a estética, poderia ser personalizada.

O aluno apercebeu-se que a tradicional imagem das bengalas e canadianas, um tubo de alumínio cinzento, remete para um ambiente hospitalar, padronizado, que deixa “todos os idosos iguais”, sem espaço para a sua individualidade. Além disso, diz, estes objetos são associados à velhice, o que reforça o estigma. “O preconceito está na cabeça das pessoas, mas também está ligado ao produto”, assegura.

A ideia foi então “personalizar para trazer mais individualidade”, criando algo que permitisse mudar a imagem conforme a situação em que bengala vai ser usada: não tem de ser igual ir à padaria ou a um evento elegante.

Na prática, Yago Rodrigues concebeu cinco capas, com cores e texturas diferentes, que podem ser aplicadas sobre a bengala original. Há uma vermelha com ondas que pretende ser “sexy”. A azul é “leve” e tem um ondulado que lembra o mar ou as nuvens do céu. A amarela, com bolhas, é “divertida”. A preta é “forte” e mais pontiaguda e a branca elegante.

Os protótipos foram concretizados com a ajuda de uma impressora 3D, mas no futuro estas capas poderão ser de diferentes materiais, como silicone, resina ou porcelanato.

Yago Rodrigues, que beneficiou de uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia, desenvolveu o projeto no âmbito do seu doutoramento em Design na Universidade de Aveiro. Em dezembro venceu, na categoria Conhecimento+, a quarta edição do concurso de Boas Práticas de Envelhecimento Ativo e Saudável, promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e pelo consórcio Ageing@Coimbra.

No futuro quer “abrir uma empresa ou criar uma parceria com startups” para produzir as capas, tornando a ideia uma realidade.