O rejuvenescimento “natural” do rosto

Liliana Campos realiza, desde 2020, procedimentos de harmonização facial duas vezes por ano

A harmonização facial engloba diversos procedimentos há muito realizados na medicina estética. O objetivo é obter um resultado natural e que tenha em conta o resultado global. Mulheres cada vez mais jovens são quem procura esta técnica.

“Rejuvenescer sem se notar o que aconteceu.” Este é o lema de Liliana Campos, que aderiu a procedimentos de rejuvenescimento facial. Já lá vão os tempos em que testas sem expressão, olhos repuxados ou lábios inchados eram o desejo de quem procurava a medicina estética. O resultado natural é a prioridade e o mercado respondeu com um conceito que ganha cada vez mais fãs: a harmonização facial. A apresentadora de televisão conheceu este conjunto de técnicas antes de entrar nos 50 anos e os resultados da primeira consulta convenceram-na a repetir duas vezes por ano.

Começou há dois anos, nunca antes tinha feito um procedimento do género. As boas indicações recebidas e a promessa de um resultado natural levaram-na à primeira visita, da qual saiu surpreendida com a rapidez e facilidade do processo. “Demorou dez minutos e depois fiz a minha vida normal.” Nesse dia, fez injeções, de diversos componentes em diferentes partes do rosto, para “disfarçar manchas, reduzir flacidez, atenuar rugas e dar brilho”.

A harmonização facial tem todos estes objetivos. “Consiste na combinação de diferentes procedimentos para que os traços de envelhecimento sejam esbatidos e para reequilibrar as diferentes áreas da face que se vão deteriorando de forma assimétrica”, sintetiza Filipe Riobom, cirurgião plástico, identificando as alterações da textura, a perda de volume e o aparecimento de rugas como os principais elementos a tratar. “É um projeto holístico em que procuramos não tratar apenas um dos estigmas do envelhecimento, mas todo o conjunto.” Sempre com a personalização a cada paciente como ponto de partida.

Incluídas no conceito de harmonização estão técnicas como as que Liliana Campos realiza, mas também outros procedimentos mais complexos. Na maioria dos casos, tratam-se apenas de métodos não-cirúrgicos. Os chamados fillers, produtos injetáveis, são os mais utilizados. Há ainda outros tratamentos de consultório como peelings, lasers e lifting não-cirúrgico. Quando se passa para os métodos cirúrgicos, há o preenchimento com gordura e a ritidectomia (procedimento para reduzir rugas), mas também alterações mais profundas dos contornos do rosto, como a rinoplastia (cirurgia de correção do nariz).

Antes (cima) e depois (baixo) da correção da assimetria das pálpebras e sobrancelhas. Este é um caso clínico da UP Clinic

Apesar de contemplar um conjunto de técnicas a diversas partes do rosto, algumas intervenções podem ser executadas no mesmo dia ou em períodos próximos. Ainda que haja essa possibilidade, o cirurgião do Hospital da Luz, na Póvoa de Varzim, aconselha “a não fazer tudo ao mesmo tempo”. Para assegurar a naturalidade do resultado final, a mudança deve ser ténue. Quanto à época do ano, não existem restrições. Como a maioria das técnicas é minimamente invasiva, o paciente pode retomar a sua vida de imediato. Realidade diferente são as intervenções cirúrgicas, que implicam o habitual cuidado pós-operatório, bem como os tratamentos a laser, que tornam a pele sensível à exposição solar.

Mais novas, mais informadas

Mulheres entre os 30 e os 50 anos são o paciente padrão da harmonização facial. Mas nem sempre foi assim. “O tipo de paciente que procura é predominantemente do sexo feminino e é cada vez mais numa idade jovem, como se preferissem fazer progressivas melhorias”, destaca Flora Vigeant Gomes, cirurgiã plástica nos hospitais CUF Descobertas e Cascais. Mais jovens e mais informadas: “Já sabem ao que vêm, o que querem, descrevem objetivos e trazem fotografias”.

Os objetivos variam: há quem queira “voltar atrás no envelhecimento”, mas também há quem pretenda “mudar algo que não gosta”, pormenoriza a médica especialista em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética. Independentemente da motivação, o objetivo é sempre garantir um resultado natural em função do da face como um todo. “O que as pessoas mais pedem é um ar fresco e jovial. Não querem olhos repuxados ou lábios inchados.”

Antes e depois de um caso clínicos de harmonização facial, na UP Clinic, em Lisboa

Relativamente à predominância de mulheres, Vítor Figueiredo, o cirurgião que acompanha todo o processo de rejuvenescimento facial da apresentadora Liliana Campos, repara que está em linha com que acontece com a generalidade dos tratamentos estéticos. “Há uma pressão maior no feminino”, até porque “as mulheres têm predisposição para envelhecer mais depressa”. Além disso, “mantém-se um tabu em relação aos homens, que pensam que estes procedimentos feminizam”.

“Há dez anos, as pessoas gostavam que o que se fizesse fosse notado.” Hoje é diferente. O diretor clínico de Medicina Estética da UP Clinic, em Lisboa, nota ainda que são as alterações nas zonas do rosto que causam maior preocupação aos pacientes. “Passamos de uma altura em que usávamos máscara e o relevante era o terço superior da face para agora tirarmos a máscara e haver uma procura por melhorar a parte inferior.”

A gestão de expectativas é um dos aspetos mais importantes na área da medicina estética. Vítor Figueiredo considera que muitos pacientes ainda chegam ao consultório focados num problema específico do envelhecimento – em especial as rugas – e sem a visão geral necessária para a harmonização facial. Quem procura este método pela primeira vez depois dos 50 anos, explica o médico da UP Clinic, “precisa de regular expectativas, pois, na maioria dos casos, os seus problemas resolvem-se com técnicas invasivas e não apenas com fillers”.

Antes e depois de um caso clínicos de harmonização facial, na UP Clinic, em Lisboa

Filipe Riobom, do Hospital da Luz, acrescenta que a harmonização facial não serve apenas para tratar, “mas também para prevenir”. Por isso, procurar este método antes dos 40 anos é fundamental para os resultados serem os melhores. “Tenho pacientes com mais de 60 anos que parecem ter 50, porque começaram estes tratamentos de forma precoce.”

Manutenção uma ou duas vezes por ano

Além da idade em que se começa a tratar dos problemas do envelhecimento, a manutenção regular é também fundamental. Para quem se quer manter “imaculado”, Filipe Riobom sugere intervenções de seis em seis meses. Uma vez por ano é a regularidade mínima aceitável para que os resultados se mantenham dentro do expectável. E há também “trabalho de casa” a fazer. “A par com a harmonização, a hidratação da pele é fundamental, bem como não fumar e ter cuidado com a exposição solar”, alerta o cirurgião plástico.

Liliana Campos olha para a necessidade das visitas regulares com naturalidade: “Agora é como ir ao cabeleireiro ou ao dentista”. Está convencida de que o fará para sempre e, neste momento, revisita Vítor Figueiredo duas vezes por ano. Mas nem sempre a naturalidade e descontração pautaram as emoções da apresentadora relativamente aos procedimentos estéticos. Tinha receio dos exageros e de perder as expressões que a caracterizam, mas está satisfeita. “Toda a gente me elogiou. Diziam que eu estava mais bonita, mas não percebiam que tinha mudado algo”, relembra.

A apresentadora de televisão escolheu este método para a primeira intervenção estética da sua vida

Como qualquer intervenção, quando mal executada, a harmonização facial acarreta riscos e, por isso, procurar profissionais médicos com experiência, especialização e formação na área é o primeiro passo. Flora Vigeant Gomes diz que “a área não-cirúrgica é rentável” e que “há gente que não é da área médica que o faz de forma ilegal”, nomeadamente enfermeiras em gabinetes de estética. “Pode haver complicações graves que apenas um médico sabe resolver”, avisa.

Procedimentos da harmonização facial:

Cirúrgicos:

– Alteração de contornos: otoplastia (orelhas), rinoplastia (nariz), mentoplastia (queixo) e cirurgia maxilar são as mais procuradas

– Ritidectomia (ou lifting cirúrgico): consiste em cortar e “puxar” a pele para reduzir rugas e flacidez

– Preenchimento com gordura: normalmente realizado em complemento à lipoaspiração, em que a gordura é injetada na face, para dar volume e rejuvenescer

Não-cirúrgicos:

– Lifting não-cirúrgico: realizado através da injeção de ácido hialurónico e da utilização de fios de suspensão (colocados sob a pele para que esta tenha menos flacidez e rugas)

– Fillers e preenchimento: normalmente realizados com ácido hialurónico, toxina botulínica ou líquidos vitamínicos

– Toxina botulínica: tem como objetivo paralisar o músculo e evitar que a pele forme rugas

– Peeling, químico ou a laser: serve para ajudar na renovação da pele

– Radiofrequência e laser: servem para melhorar o aspeto da pele, diminuir flacidez, eliminar rugas e dar brilho