Liga: um salvo-conduto para as noivas

A liga encerra uma mensagem de emancipação feminina

A primeira versão da liga remonta à Idade Média e está associada aos casamentos. Mas as dançarinas dos cabarés também entram na história.

Apesar de ser hoje conotada com uma certa sensualidade contemporânea, a origem da liga remonta à Idade Média, mais precisamente ao século XIV. Diga-se, no entanto, que na altura era tudo menos um acessório de moda. Chamemos-lhe antes um salvo-conduto para noivas. Confuso? Pois bem, estranhamente, reza a história que nessa altura era comum os convidados acompanh arem os noivos até ao quarto para que estes consumassem o casamento e acreditava-se que levar um pedaço do vestido da noiva para casa era sinal de boa fortuna. Ora, para evitarem ficar com o vestido em frangalhos, surgiu a ideia de confecionar várias ligas, feitas do mesmo tecido usado no vestido, para distribuir aos convidados. E assim o objeto ficou indelevelmente associado às noivas, mesmo que com o passar dos séculos se tenha entretanto revestido de outros propósitos e conotações.

Outro momento importante na história da liga surgiu já nos anos 1920. Culpa das dançarinas dos cabarés que tiveram de arranjar uma forma confortável e sensual de segurar as meias, num tempo em que o nylon e a licra ainda não eram opção. Nascia assim a cinta-liga, orgulhosamente exibida por essas personagens dos cabarés por baixo das saias. Note-se que além do lado prático e sensual, a cinta-liga teve também um papel importante ao nível da libertação da mulher, durante séculos “forçada” a usar corpetes e espartilhos que lhes moldavam os corpos à força, mesmo com prejuízo da saúde e do bem-estar. Por isso, além de enfatizar a sensualidade, a cinta-liga – ou simplesmente a liga – encerra também uma mensagem de emancipação feminina.