Bruxa de Salem é considerada inocente três séculos depois

A norte-americana tinha 22 anos quando foi acusada e consta-se que teria uma deficiência mental, o que pode ter contribuído para que assumisse a culpa

Elizabeth era a única pessoa condenada nos julgamentos que ainda não tinha sido absolvida. Episódio que ficou conhecido como a maior caça às bruxas da história ocorreu nos Estados Unidos, em 1692.

Elizabeth Johnson foi considerada inocente pela justiça norte-americana depois de ter sido condenada por bruxaria há 329 anos. Durante os julgamentos das bruxas de Salem, a jovem confessou a prática da bruxaria e era, até recentemente, a única pessoa condenada que ainda não tinha sido absolvida.

Os julgamentos das bruxas de Salem foram uma série de audiências e processos de pessoas acusadas de bruxaria na cidade costeira de Salem, em Massachusetts, entre 1692 e 1693. Os processos foram conduzidos em tribunal e muitos habitantes foram sujeitos a interrogatórios e a tortura, numa época em que se vivia um ambiente de extremismo religioso e de temor supersticioso. Mais de 200 pessoas foram acusadas de bruxaria, 30 delas foram consideradas culpadas e 20 foram executadas.

Após o ocorrido, muitos dos envolvidos no julgamento assumiram o erro de dezenas de pessoas terem sido erradamente associadas a atos de bruxaria. Em 1702, os julgamentos foram considerados ilegais e nove anos depois foi determinado que os nomes dos condenados fossem considerados “limpos”, para além de uma recompensa financeira para os herdeiros. Apenas em 1957 o estado de Massachusetts formalizou um pedido de desculpas pelo ocorrido.

A norte-americana tinha 22 anos quando foi acusada e consta-se que teria uma deficiência mental, o que pode ter contribuído para que assumisse a culpa, para além de nunca se ter casado nem tido filhos, o que tornava uma mulher num alvo durante os julgamentos, segundo afirma Carrie LaPierre, uma professora do colégio North Andover.

Na época, Elizabeth escapou à sentença de pena de morte, já que o governador do estado de Massachusetts lhe concedeu um adiamento da pena. Elizabeth Johnson acabou por morrer anos mais tarde de causas naturais, mas sem descendentes conhecidos que pudessem lutar pelo reconhecimento da sua inocência, como ocorreu com outros condenados que viram a anulação das acusações e compensações pelos danos sofridos.

Além disso, alguns historiadores acreditam que Elizabeth não foi absolvida, na mesma altura que outros condenados, possivelmente devido a uma confusão administrativa, já que a sua mãe tinha o mesmo nome e também foi condenada, sendo posteriormente declarada inocente.

A absolvição da mulher aconteceu anos mais tarde e foi resultado de um projeto escolar realizado por uma professora de educação cívica, que pretendia ensinar alguns métodos de pesquisa aos alunos, e contou ainda com o apoio de uma senadora norte-americana.

Atualmente, a cidade de Salem, nos Estados Unidos, tem o Museu das Bruxas (Salem Witch Museum). O local é uma referência histórica sobre a época em que pessoas eram perseguidas sob a acusação de envolvimento em bruxarias e feitiçarias.