Boozie. Gelados alcoólicos inspirados em cocktails

Duas amigas do Porto têm uma ideia maluca, num dia quente. Investigam, vislumbram uma oportunidade, montam uma fábrica, abrem uma startup. O negócio não pára.

A conversa entre as duas foi mais ou menos assim. Dia atulhado de trabalho, a cabeça a pensar na praia, uma caipirinha na mão. E se fosse uma caipirinha em gelado se, porventura, existisse? Isso é que era. Palavra puxa palavra e o que parecia um “disparate” tornou-se uma ideia com pernas para andar. Assim nasceu uma marca portuguesa, portuense, pensada e concretizada no feminino.

Mónica França, engenheira alimentar não praticante, presidente do conselho de administração de uma empresa de peças para a indústria de rolamentos, e Lígia Pinto, economista, no departamento de contabilidade e área financeira da mesma firma, amigas, trocaram impressões sobre a matéria. E a coisa ficou séria. A curiosidade à volta dos gelados alcoólicos despontou, pesquisaram o que existia no mercado, no estrangeiro havia projeção desse produto, mas nada por cá. Viram uma oportunidade. “Começámos a estudar o processo de fabrico, as receitas, a análise sensorial dos produtos”, recorda Mónica. Criaram a empresa em outubro do ano passado, montaram a parte logística, comercial, uma pequena fábrica no Porto.

Experiência atrás de experiência, familiares, amigos e colegas como provadores de serviço, e a Boozie surge em maio com quatro sabores. Caipirinha com cachaça e lima. Dirty Mango com rum, coco e manga. Sangria com vinho tinto do Douro e frutos vermelhos. Licor de uísque e café. O teor alcoólico anda entre os 3 e os 5%, a estética remete para os antigos gelados Fá, as embalagens são recicláveis e de fácil abertura.

Os gelados alcoólicos feitos no Porto, a quatro mãos, aparecem na Queima das Fitas do Porto. Seguiram-se outros eventos, festivais. Até porque a Boozie anda sobre rodas. A Boozina é o meio de transporte, uma Piaggio APE 400 adaptada à função, com arca frigorífica, para estar onde é preciso estar, bares, esplanadas, discotecas. Os “boozies” são também vendidos através do site da marca, por enquanto a dois euros, e têm despertado interesse nos EUA, Canadá, Holanda. “Os gelados são enviados em estado líquido”, explica Lígia. Aguentam três dias à temperatura ambiente, depois devem ser conservados no congelador.

Mónica e Lígia continuam a trabalhar na mesma empresa, agora com novo projeto em mãos. Há vontade de alargar sabores, avançar com parcerias, explorar novos horizontes, contornar a sazonalidade. “Acreditámos na ideia e que iria ser um sucesso”, confessa Mónica.