Bandeira branca: a mais ansiada

O uso da bandeira branca acabaria mesmo regulado pelas Convenções de Genebra de 1899 e 1907

Como um pequeno pedaço de pano, simples e desprovido de cor arrebatadora, se tornou poderoso. Eis a história da bandeira branca.

Quem a vê insinuar-se no ar, lá do outro lado de uma qualquer barricada, apreende de imediato a mensagem: vem ai uma rendição, no mínimo um pedido de trégua, invariavelmente uma promessa de acalmia em tempos de turbulência. Mas como é que a bandeira branca se fez símbolo da paz?

Percebê-lo implica recuar até ao século I d.C.. Reza a História que foi por esta altura que ela começou a ser usada, tanto a Oriente, em plena dinastia Han, como a Ocidente, durante o Império Romano. Mais precisamente, na Segunda Batalha de Cremona, relatou o escritor romano Tácito.

E desde então foi resistindo aos tempos. Na Idade Média, por exemplo, os povos hasteavam-na em detrimento das cores das suas próprias bandeiras, se quisessem mostrar que se pretendiam colocar de fora de uma certa batalha.

De resto, os próprios mensageiros andavam de branco. E até o príncipe de Calecute se agarrou à bandeira branca quando, no final do século XV, Vasco da Gama descobriu por fim o caminho marítimo para a Índia e lhe entrou pelas terras adentro.

O seu uso acabaria mesmo regulado pelas Convenções de Genebra de 1899 e 1907, em que se consagra que o seu uso indevido, como falso pretexto para atrair um adversário a uma cilada, é considerado crime de guerra. E, afinal, porquê o branco? Por mera conveniência.

É que na Antiguidade os panos brancos eram de longe os mais comuns, o que permitia que com facilidade se “desenrascasse” algo que servisse de apelo à paz. Além da visibilidade, claro, porque o branco facilmente se distinguia nos campos de batalha. De lá para cá, mudaram as táticas, mas não o significado do mais singelo e poderoso pedaço de pano. E quem não anda, por estes dias, a suspirar por ele?

Rendição dos otomanos aos britânicos em Jerusalém, a 9 de dezembro de 1917