Susana Romana

A palavra do ano, as legislativas e o ataque aos sites da Impresa

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Chego até vocês do aconchego que é “a imprensa em papel”. Depois do ataque de hackers que fez refém os sites da SIC, do “Expresso” e da “Blitz”, é um alívio só ter de depender de um eucalipto ou de uma acácia que nem têm WhatsApp.

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Os hackers estão a pedir uma quantia não divulgada pelo restauro dos sites. Eu aposto que são uns milhares de euros, o número de telemóvel da Sara Matos, uma foto do Henrique Raposo em biquíni e o final da telenovela “A Serra”.

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O nome do bando de piratas é Lapsus$ Group, o que me parece um bom nome, ali com o cifrãozinho a denunciar o propósito e com o “Group” a fazer soar a empresa falsa para offshores do BES. Tenho só pena que não tenham optado por aqueles nomes gerados automaticamente pelas empresas na hora, tipo Nenúfar Consciente Unipessoal.

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“Vacina” foi eleita pelos portugueses como palavra do ano. Até concordo, mas convenhamos: se os portugueses pudessem ter escolhido livremente, a palavra que mais marcou o ano de 2021 era um valente palavrão.

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As normas da DGS foram atualizadas e mudaram as regras de isolamento. Agora, pode-se cumprir só sete dias se o teste for negativo, se souber de cor a tabuada do seis, se for Aquário com ascendente em Sagitário e se souber a letra do “Quero voltar”, dos Anjos.

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Temos tido debates para as legislativas todos os dias, sempre seguidos de hordas de comentadores a darem pontuações, como se fossem piruetas de patinagem artística. “Aquele encarpado à retaguarda do Costa com o Jerónimo foi uma beleza”, “o Rui Rui começou a solo mas acabou a patinar ao som do hino da Mocidade Portuguesa com o André Ventura, todos em lantejoulas”.

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Há quem critique este modelo de debates dois a dois em 25 minutos, mas eu tenho a solução: pegar nos candidatos todos e pô-los a jogar Monopólio. Serve para tudo: para perceber políticas públicas, para ver a relação com os privados… E descobre-se muito sobre o feitiozinho de uma pessoa ao vê-la aterrar num hotel do Rossio pela segunda vez.

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Existe o risco de meio milhão de pessoas poder estar em isolamento na semana eleitoral. O que é uma chatice, porque essas pessoas queriam mesmo abster-se indo à Primark e vão ter de se abster na sua sala de estar.