Gangas mais sustentáveis

Nas lojas, já abundam propostas orgânicas

Conciliar moda e ecologia é o desafio das marcas que estão a apostar em novas formas de produzir e confecionar roupa neste tecido tão resistente e confiável.

Em peças de várias formas e para todos os gostos, a ganga está presente em (quase) todos os roupeiros, sem nunca sair de moda. A resistência e durabilidade fazem do denim – denominação que vem de Nimes, a localidade em França onde começou a ser fabricado em 1792 – uma escolha de confiança, para consumidores de todo o Mundo. Polémica, porém, em termos ambientais. Para as organizações ecologistas, é mesmo um “tecido maldito” porque, ao longo do seu ciclo de vida, umas calças de ganga consomem quase quatro mil litros de água e libertam fibras poluentes a cada lavagem. Mas o paradigma está a mudar.

A partir de Famalicão, há muito que a Troficolor desenvolve “tecidos denim de uma forma mais sustentável e tudo começa na escolha da matéria-prima”, sublinha o CEO Carlos Serra. “Cada vez mais usamos algodão orgânico criado sem recurso a químicos, mantendo os solos mais férteis e livres de contaminações. Recorremos também ao algodão e poliéster reciclados, reduzindo o desperdício e contribuindo para a economia circular.” A aposta agora é em energias renováveis e na “redução significativa do consumo de água utilizada, que pode ir até 95%, através da eliminação de algumas fases de lavagem”. O tecido é tingido com corantes de origem vegetal e mineral em detrimento de agentes químicos.

Responsável pelo desenvolvimento técnico e produtivo da Calvin Klein na Europa, António Simões reconhece que “os grandes grupos estão a investir em soluções mais sustentáveis”. E diz ser quase certo que “o algodão [a base do resistente tecido] vai acabar por ser produzido sem recurso a água”. Os efeitos que a ganga oferece – até mesmo os rasgões -, “que antes eram conseguidos com pedras, sprays, químicos, ácidos e muita água, podem agora ser criados através de laser”.

Nas lojas, já abundam propostas orgânicas. Em parceria com a Lee, a H&M começou 2021 com vários artigos de ganga sustentável, como calças feitas com 100% algodão reciclado. Em setembro, a Levi’s lançou os “jeans mais sustentáveis de sempre”, a partir de algodão orgânico e circulose.

A JUST.O é uma marca portuguesa igualmente empenhada em reduzir a pegada ecológica, comungando de uma conduta eco-friendly com base na utilização de algodão da Candiani, uma empresa italiana que adota métodos mais sustentáveis para a produção do denim. As lavagens, de acordo com o responsável na área styling e gestão, Pedro Tavares, “são feitas a laser ou a ozono, que são práticas verdes e reduzem substancialmente o consumo de água”.