Funcionalidade e organização são os fatores-chave apontados pelos decoradores para a casa neste ano que começa em confinamento. E a tendência é levar os elementos naturais para o interior.
Este ano, em que é previsível passar bastante tempo em casa, pode ser a altura ideal para fazer a renovação que andávamos a adiar ou para levar adiante aquele projeto de decoração há tanto aguardado. E há dois conceitos que reúnem consenso: conforto e funcionalidade. Divisões espaçosas, abertas e organizadas fazem a diferença na vida pessoal e profissional que é agora mais vivida dentro de casa. A Natureza, quer nas plantas, quer nos elementos decorativos, é a tendência de 2021.
A linha decorativa do novo ano, pela exigência que a pandemia trouxe, foca-se na funcionalidade. “É uma continuação do que se vinha a desenvolver mais um reflexo dos ensinamentos de 2020”, nota Rita Salgueiro, designer de interiores com ateliê próprio em Lisboa que já participou em diversos programas de televisão. Para uma casa funcional, é necessário investir no conforto e na organização.
Manuela Babo, decoradora na empresa Tangerinas e Pêssegos, onde é sócia com a filha Matilde Babo, lembra que, para trabalhar em casa, “o importante é ter conforto, uma boa cadeira e um canto da sala que possa ter uma mesa para organizar o próprio espaço”. Divisões “atulhadas” não são boa opção.
Decoradora de interiores no Algarve, Ana Oliveira sublinha a importância de associar funcionalidade e estética: “Uma divisão funcional, mas com uma beleza decorativa que nos faça sentir bem”. Sugere a colocação de flores na mesa do escritório, iluminação sofisticada, mas útil, e almofadas na cadeira de trabalho, que confiram conforto e beleza ao espaço.
Os elementos naturais são uma tendência consensual entre os decoradores. Trazer a Natureza para dentro de casa dá vida, ambiente e um toque especial às divisões. Nas palavras de Rita Salgueiro, importa “usufruir da Natureza propriamente dita, com plantas naturais”.
Os elementos e acabamentos naturais são também a última aposta na decoração de interiores. Madeira clara, palha, conchas, lã e algodão são dicas dos decoradores para conferir um ambiente mais leve à casa. Ana Oliveira marca como imprescindíveis os espelhos, para dar conforto e amplitude, e a iluminação agradável. “O amarelo é uma temperatura de luz que traduz conforto.”
Cores neutras ou vibrantes
As cores em alta para a decoração da casa continuam a ser as bases neutras e os tons terra. Rita Salgueiro destaca o branco e cinza com preto e o bege com tonalidades terra, sempre em versões matificadas. Ana Oliveira vai de encontro às cores Pantone para 2021: “A neutralidade do cinza, uma cor que impõe respeito, com a alegria do amarelo”. Pelo contrário, Manuela e Matilde Babo afirmam que os elementos fortes, as tonalidades vibrantes, devem ter primazia e “o cinza deve ser deixado para trás, pois é uma cor triste”.
As decoradoras da Tangerinas e Pêssegos, no Porto, destacam-se por um estilo contemporâneo, pontuado por peças que trazem memórias. “É importante a utilização de elementos que nos remetam aos nossos avós, como papéis de parede e almofadas bordadas”, sustentam, acrescentado que a aposta deve ser sempre numa decoração que reflita a personalidade de cada um.
A tecnologia e a reciclagem são ainda apontadas por Rita Salgueiro como mais atuais do que nunca, para “permitir reduzir consumos”. Lâmpadas inteligentes, sensores e controlos para água e eletricidade ou a utilização de materiais reciclados são algumas dicas da designer de interiores.
Com a pandemia, as melhorias da estrutura e decoração da casa parecem ter passado para um lugar de destaque. “Tem havido uma maior procura por parte de pessoas que noutras épocas não estariam tão preocupadas com o design interior”, realça Manuela Babo. Ana Oliveira confirma a tendência e diz que tem recebido um número acrescido de contactos para pequenas melhorias da casa.
