Carlos Gomes da Silva: o madrugador

Carlos Gomes da Silva é CEO da Galp (Ilustração: Mafalda Neves)

“Calmo, ponderado, analítico e muito pragmático”, mesmo em circunstâncias adversas ou episódios de urgência. Alguém com “uma maturidade muito para além da idade que tem”. Gosta de champanhe e de fado. Coleciona gravatas.

Crê que tempo é dinheiro e por isso disciplina a vida. Levanta-se às cinco e meia da manhã, chega ao escritório duas horas depois. É o primeiro. Seja na Efacec, a empresa em que iniciou o caminho profissional, na Unicer, onde esteve seis anos, de 2001 a 2007, ou na Galp, a casa em que desempenhou várias funções até chegar, em 2015, a presidente da Comissão Executiva. Por volta das nove da noite, dá o dia por encerrado. Casado e sem filhos, licenciado em Engenharia Eletrotécnica e Ciências Computorizadas pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e com um MBA feito na ESADE/IEP de Barcelona, nunca leva trabalho para casa. Raramente abre um email fora das horas que dedica ao trabalho. Deita-se quase sempre antes das onze. “O sono é o alimento da alma”, costuma dizer. E não há quem não lhe respeite a rotina.

Profissionalmente, é “calmo, ponderado, analítico e muito pragmático”, mesmo em circunstâncias adversas ou episódios de urgência. Quem o afirma é Rui Oliveira Neves, responsável pelo gabinete jurídico da companhia. “É um gestor que não se fecha na torre de marfim, a olhar de cima. Desce com frequência aos vários andares, vai ao terreno tentar perceber a realidade das pessoas nos seus contextos.”. Então, a pergunta: como está o CEO, quando a empresa se prepara para fechar a refinaria de Matosinhos, decisão com efeitos dramáticos na vida de muitos? Rui Oliveira Neves garante que a principal preocupação “é atenuar o impacto que o fecho terá na vida dos trabalhadores”. António Lobo Xavier, amigo próximo, não tem dúvidas: “Está a custar-lhe muito”. Descreve-o “humanista, superiormente inteligente, intelectualmente sedutor”. Alguém com “uma maturidade muito para além da idade que tem”. Maturidade transmitida pelo pai, que o teve tardiamente, figura de referência e de quem herdou o gosto pelos cachimbos.

Raramente se irrita, nunca esquece. O discurso é como a vida – organizado e metódico. Por isso, muito considerado pelos investidores. Na vida social, à primeira vista, pode tornar-se um pouco aborrecido. Lobo Xavier, que o conhece bem nesse contexto, corrige: “Não é um animador de salão, mas é uma companhia agradabilíssima, com um humor muito fino”. Carlos Gomes da Silva é um homem de pequenos grupos. “De amizades escolhidas, muitos selecionados”, especifica o jurista.

Gosta de arquitetura. De comida tradicional portuguesa. De vinho branco e champanhe. Coleciona gravatas e discos dos anos 1980. Gosta muito de fado, toca bateria. “Gosta sobretudo do que o fado envolve, o jantar, o convívio com os amigos”, define o fadista Diogo Aranha.

Portuense, é “portista a um ponto absurdo”. Defeitos? “Não gosta de vinho tinto, quer defeito maior?”, brinca o fadista.

Devora informação. Em todos os suportes. Faz grandes caminhadas diárias. “Por vezes, trabalhamos a caminhar”, conta Rui Oliveira Neves. Os almoços de trabalho com os colaboradores são uma rotina. Conhece bem os que trabalham nos vários andares do edifício-sede, em Lisboa. Trata cada um deles pelo nome, realçam.

Carlos Nuno Gomes da Silva
Cargo:
CEO da Galp
Nascimento: 25/02/1967 (53 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Porto)