Hugo Veiga: o melhor criativo do mundo

Hugo Veiga conheceu pela primeira vez o reconhecimento mundial quando assinou um anúncio com 120 milhões de visualizações (Foto: Diana Quintela/Global Imagens)

Portuense de gema, Hugo Veiga mudou-se para Lisboa com 18 anos, para estudar na Escola Superior de Comunicação Social. Foi o primeiro passo numa vida que lhe viria a dar mundo na publicidade como criador dos mais consagrados. Muito mundo. O mundo que lhe cairia nos pés em forma de sucesso.

“Sempre tive o sonho de trabalhar fora de Portugal”, confessa. A primeira tentativa foi Londres, tinha 25 anos, mas a oportunidade acabou por se esfumar. “Ainda não tinha portfólio suficiente”, recorda Hugo Veiga.

Valeu a pena a espera, que não foi longa. Ganhou entretanto um prémio, o primeiro de muitos, que teve como consequência um estágio de seis meses numa agência brasileira. Meio ano que valeu uma vida e lhe escancarou portas também em Portugal, onde a TBWA o chamou. “É curioso que fiquei com a sensação de que a aventura no Brasil não havia terminado.” E não terminara ainda, tinha razão.

Pouco depois, foi chamado pela delegação brasileira da poderosa agência americana McCann Erickson. O salto definitivo que Hugo Veiga imaginara e desejara. Veio depois a britânica Ogilvy, outra das agências fortes do meio, que lhe delegou o escritório do Brasil, em São Paulo. “Pelo meio fui passando temporadas noutros países, como na Alemanha, experiências que me ensinaram bastante.”

Foi ao serviço da Ogilvy que pela primeira vez o nome de Hugo Veiga foi catapultado mediaticamente, corria o ano de 2013. Uma campanha montada para a marca de produtos de higiene pessoal Dove ganhou contornos de sucesso. O vídeo tornou-se viral e transformou-se no anúncio até então mais visto de sempre no YouTube, com 120 milhões de visualizações. No Cannes Lions desse ano, uma espécie de oscars da publicidade, Hugo Veiga foi considerado o “melhor copywriter do Mundo” e a revista “Time” designou o trabalho como o mais bem-sucedido anúncio internacional. “Nunca idealizei algo tão grande. A ambição é sempre fazer o melhor possível no momento. Se o resultado final tiver repercussão, ótimo”, afirma com modéstia.

Surgiu então a possibilidade de se aventurar em nome próprio, numa agência criada de raiz, ainda em São Paulo, com um sócio, o brasileiro Diego Machado, a AKQA. E foi com a AKQA que no ano passado voltou a causar furor, novamente no Cannes Lions. Graças a “Bluesman”, documentário com pouco mais do que oito minutos que teve como base uma canção do rapper Baco Exu do Blues, recebeu um Grand Prix (Grande Prémio) pela abordagem a um tema que nos últimos tempos se tornou sensível no país, o preconceito racial. “Um trabalho de arte feito com classe. Brilhante”, elogiou o júri. Não ficou por aqui. Um outro projeto, realizado para a Nike, valeu-lhe outro Grand Prix.

Há mais de uma década no Brasil, Hugo Veiga, 40 anos, não pondera abandonar o país. “Adoro a vida aqui”, define. E ainda tem tempo para a música. Neste mês de abril, lançou “Vai Ficar Fixe”, primeiro single de um álbum que assina com o alter ego Gohu.