Férias para toda a família (animais incluídos)

De norte a sul do país, a par dos espaços pet friendly, há ainda cuidadores ao domicílio e hotéis para animais (Foto: DR)

“Um espaço para toda a família se divertir.” É assim que Frank McClintock descreve a Quinta do Barranco da Estrada, em Odemira. Nasceu em África, viveu em Inglaterra e está em Portugal, onde tem o hotel há mais de três décadas. Por lá, todos os animais são bem-vindos. Aliás, na quinta vivem cinco cães, um gato e um papagaio. Durante o dia, há várias atividades para desfrutar na Natureza: passeios, canoagem, natação, matraquilhos, observação de aves, entre outros. À noite, o descanso dos animais faz-se no interior dos quartos dos donos. Só não é permitido saltarem para cima da cama. Entre hóspedes e bichos, há uma grande interação. Mesmo com aqueles que desfrutam de férias sem cães ou gatos. “Muitas pessoas levam os nossos cães para passeios nos bosques”, conta o proprietário.

O alojamento gerido por Frank McClintock é apenas uma hipótese para umas férias sem dizer adeus ao patudo ou ao felino da casa. Segundo um inquérito feito pela Fixando a 8 500 donos e operadores de hotelaria inscritos na sua plataforma online, este ano quase 27% dos inquiridos pretendem fazer férias com o seu bicho de estimação e cerca de 25% irão optar por um hotel para animais. Os restantes dividem-se entre os cuidados de familiares e amigos, a contratação de um pet-sitter ou a não realização de férias.

Quem optar por sair de casa encontra nas Casas da Lupa porta aberta para cães e gatos. Há apenas uma regra de ouro para o convívio: “Ninguém incomoda ninguém”. Localizadas na Zambujeira do Mar, todos os anos não falta procura. Conceição Branco é a responsável pelo espaço. “Não há aqui na zona hotéis a aceitar animais. Tínhamos montes de amigos a dizer que não conseguiam ir de férias com os cães e achámos que era boa aposta.”

As Casas da Lupa são pet friendly desde que foram criadas, há oito anos. Estadias com bichos apenas são permitidas nas suites e master suites, sendo o dono inteiramente responsável pelo amigo de quatro patas. Se houver necessidade de limpeza diária extra, poderá ser cobrada uma taxa de 15 euros.

De norte a sul do país, a par dos espaços pet friendly, há ainda cuidadores ao domicílio e hotéis para animais. É o caso da Quinta Monte dos Vendavais, em São Domingos de Rana, Cascais. Tem 128 boxes individuais para cães e 48 para gatos. Algumas estão dotadas com câmara de filmar para que, à distância, os donos possam observar e falar com os animais de estimação. “Em 1988 não havia nada ligado a este ramo. Teve de ser feito um trabalho de educação das pessoas. Até porque existia uma quantidade de abandono animal muito grande”, recorda Pedro Almeida, atual responsável pela quinta fundada pelo avô.

No alojamento há uma zona de spa e fisioterapia, com piscina e passadeira rolante aquática. Além dos passeios, os cães podem usufruir de brincadeiras na piscina e têm o acompanhamento de um médico-veterinário.

Para os bichos que preferem ficar na zona de conforto e não mudar de ambiente durante as férias, Rosa Vieira desloca-se até casa. É do Porto e, na ausência dos donos, mantém as rotinas diárias a que o animal está habituado. Garante comida, cuidados e idas à rua. O serviço não conhece feriados nem fins de semana e implica um conhecimento do animal.

“É marcada uma visita, na qual eu preencho uma ficha com todos os dados do cliente e do animal, nomeadamente a quantidade de ração que come, se toma medicação, a que horas passeia e onde é o local do passeio”,detalha Rosa Vieira.

Segurança a bordo

Há várias regras a cumprir para que o animal possa desfrutar de umas férias em segurança. Seja na companhia do dono ou num hotel a ele destinado, há múltiplos fatores a ter em consideração. Desde questões ligadas a saúde até à forma como vai ser realizado o transporte. Para evitar a propagação de doenças, as vacinas e a desparasitação têm de estar em dia. Só depois é possível planear a viagem. Se for feita de carro, em primeira instância há que ter em conta o que diz a lei. “O transporte implica o bem-estar animal e a segurança do condutor e dos passageiros. Para tal, o animal deve ser transportado no banco de trás com uma coleira específica presa ao cinto. Na impossibilidade de o fazer tem de ser transportado numa box. É fundamental que o condutor não tenha o animal ao colo durante a condução”, alerta Rui Pinto, veterinário da Clínica Veterinária de Santa Rita, em Ermesinde.

As janelas são outro aspeto a ter em atenção. A tendência de deixar os cães seguirem com a cabeça ao vento pode ser prejudicial. “É meio caminho andado para conjuntivites, corpos estranhos nos olhos, otites pela deslocação de ar e diferença de temperatura”, avisa.

No curso da viagem, Rui Pinto aconselha paragens de hora a hora. Ainda assim, não há regras universais. Tendo em conta que “todos os animais são diferentes”, o tutor deve tentar perceber se andar de carro deixa o animal ansioso e, acima de tudo, consultar o médico-veterinário antes da viagem. Já durante as férias, é aconselhável manter as rotinas e a alimentação dos animais.