Dor de costas? Perda de altura? O problema pode estar nos ossos

A osteoporose é uma doença silenciosa, sem qualquer sintoma ao longo dos anos, até ao aparecimento da primeira fratura

A osteoporose é uma doença esquelética caraterizada pela perda de densidade mineral óssea, o que provoca alterações na microarquitectura do osso e aumenta a suscetibilidade a fraturas. A patologia atinge cerca de 800 mil portugueses.

No Mundo, a cada três segundos, um osso é fraturado como consequência da osteoporose. Todos os anos, mais de 8,9 milhões de vidas ficam comprometidas devido à redução de autonomia e incapacidade de realizar tarefas quotidianas devido a esta doença. Em Portugal, anualmente, contam-se 50 mil fraturas ósseas devido a essa patologia que afeta os ossos de cerca de 800 mil portugueses.

Os ossos ficam frágeis e quebradiços. “A osteoporose é a doença óssea mais frequente no ser humano. Caracteriza-se pela diminuição do conteúdo mineral (principalmente cálcio) e deterioração da microarquitetura do osso. Provoca assim fragilidade do tecido ósseo e aumento do risco de fratura”, adianta o médico ortopedista António Tirado, presidente da Sociedade Portuguesa das Doenças Ósseas Metabólicas (SPODOM).

É uma doença silenciosa, sem qualquer sintoma ao longo dos anos, até ao aparecimento da primeira fratura. Há, porém, alguns sinais de alerta que fazem pensar na osteoporose não diagnosticada. A perda de altura, rápida ou excessiva. O aparecimento de uma curvatura marcada na região dorsal. Dor de costas de maior ou menor intensidade. “Tudo isto pode significar a existência de uma ou mais fraturas vertebrais osteoporóticas, não diagnosticadas e desconhecidas pelo próprio doente”, avisa o ortopedista.

A perda de massa óssea aumenta com a idade. Aos 75 anos, cerca de metade da população terá osteoporose

O problema é sério. “As fraturas osteoporóticas, também conhecidas como fraturas de fragilidade, acontecem perante traumas menores ou de baixa energia, como a queda da própria altura ou um esforço a levantar um peso, podendo acontecer mesmo sem qualquer trauma. Acontecem mais frequentemente nas vértebras, anca, punho e ombro.”

A nível mundial, estima-se que uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens, após os 50 anos, irá sofrer uma fratura osteoporótica. O risco de desenvolver osteoporose é cerca de três vezes maior nas mulheres e, além disso, o risco de ter a doença também aumenta na menopausa. Cerca de 20% da perda óssea acontece nos primeiros cinco a sete anos após a menopausa. Segundo António Tirado, grande parte dessas fraturas precisa de internamentos prolongados e tratamento cirúrgico. “É importante lembrar que a mortalidade associada a uma fratura osteoporótica da anca, no primeiro ano é de 20% a 24 %, portanto um em cada cinco doentes acaba por falecer precocemente”, refere.

Há diferentes tipos de osteoporose, a mais frequente é a osteoporose primária, típica da mulher na pós-menopausa, motivada pela diminuição brusca de hormonas sexuais protetoras do osso, dos estrogénios. “Entre os 16 e os 25 anos de idade atinge-se o pico máximo de massa óssea, o que vai condicionar a massa óssea em etapas mais avançadas da vida. Assim, durante a infância e a adolescência, é crucial a ingestão correta de cálcio e proteínas, o exercício físico regular e a exposição solar”, recomenda o médico. Para manter uma boa saúde óssea é ainda aconselhável evitar hábitos nocivos como o tabagismo, o consumo exagerado de álcool e o sedentarismo.

As fraturas tendem a consolidar lentamente em pessoas com osteoporose e podem resultar em deformidades, como uma coluna encurvada

A diminuição da atividade física e as alterações nutricionais podem afetar o metabolismo de forma negativa e contribuir para a osteoporose. A partir dos 65 anos, tanto homens como mulheres podem sofrer desta patologia.

O diagnóstico inicial da doença é frequentemente realizado pelo médico de família a partir dos 50 anos. O tratamento da doença passa pela aquisição de hábitos saudáveis e uma terapêutica farmacológica para aumentar a massa óssea. “Quando acontece uma fratura de fragilidade, o doente deve ser encaminhado a um centro de traumatologia, onde será tratado pelo médico ortopedista, o qual irá realizar um tratamento específico para cada tipo de fratura. Frequentemente, trata-se de um doente ainda sem diagnóstico e terapêutica da osteoporose de base, questões que devem ser orientadas de forma a prevenir novas fraturas.”

Há programas educacionais e de reabilitação para prevenção de quedas. Em todo o caso, o presidente da SPODOM defende que, tendo em conta o alto custo sócio sanitário, “é necessário desenvolver no nosso país um Programa Nacional de Luta Contra a Osteoporose, o que já acontece com outras doenças, como as cardiovasculares, diabetes, entre outras”.